Centro-Oeste
Inss fraudado: presidente de ong investigada condenado por caixa 2
Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, líder da Confederação Brasileira dos Trabalhadores de Pesca e Aquicultura (CBPA), associação de Brasília envolvida em um esquema de fraudes que movimentou R$ 221,8 milhões, foi condenado em agosto por caixa 2 nas eleições de 2014.
Nesse ano, Abraão concorreu a deputado federal pelo Rio Grande do Norte e teria usado a conta bancária de uma assistente para receber dinheiro sem registrar na Justiça Eleitoral.
O Ministério Público apontou que grandes quantias passavam pela conta dessa funcionária, com saques realizados por um dos filhos do presidente, além de transferências para a esposa dele.
A investigação eleitoral surgiu a partir da Operação Enredados, que inicialmente apurava crimes ambientais e lavagem de dinheiro no setor pesqueiro e descobriu evidências de irregularidades eleitorais por meio da quebra do sigilo telefônico de um suspeito.
Abraão Lincoln foi um dos principais nomes citados na operação, que revelou esquemas ilícitos junto ao extinto Ministério da Pesca e Aquicultura. Em 2015, foi preso preventivamente acusado de liderar organização criminosa, com crimes que iam de corrupção ativa a crimes ambientais.
Ele foi libertado em 2016, mas o processo segue em andamento. Em novembro de 2023, Abraão foi novamente detido pela CPMI do INSS por falso testemunho, tendo mentido sobre sua relação com o tesoureiro da CBPA, Gabriel Negreiros, que é padrinho de um neto seu.
Durante o depoimento, o deputado Duarte Jr. apresentou evidências financeiras indicando que Abraão Lincoln teria depositado R$ 5 milhões na conta de Negreiros, alegando ser uma relação institucional, o que foi questionado pela comissão.
Abraão Lincoln já presidiu o Republicanos no Rio Grande do Norte e mantém conexões políticas relevantes, inclusive no INSS, onde ex-diretor investigado participou de eventos da entidade.
A CBPA, com sede modesta e apenas uma funcionária, tem apresentado crescimento expressivo em seu número de associados, chegando a mais de 757 mil cadastros até 2025 e registro de milhões em arrecadação mediante descontos nos benefícios do INSS, que na maioria dos casos não foram autorizados pelos aposentados e pensionistas.
Segundo a Controladoria-Geral da União, o aumento das filiações sugere a contratação irregular de telemarketing para promover adesões, prática proibida pelo acordo de cooperação técnica com o INSS. Há também indícios de inclusão de descontos em benefícios de pessoas já falecidas.
As descobertas sobre a farra de descontos injustificados foram objeto de uma série de reportagens investigativas que desencadearam investigações policiais e administrativas, culminando em operações que resultaram na exoneração de autoridades do INSS e do Ministério da Previdência.
Por fim, a defesa de Abraão Lincoln afirmou que recorreu da condenação eleitoral e que o caso ainda não foi julgado definitivamente, alegando que a suposta irregularidade corresponde a uma pequena fração dos gastos declarados na campanha e que não haveria motivos para omitir informações na prestação de contas à época.


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