Após quase quatro anos praticamente ininterruptos de queda, os investimentos mostram os primeiros sinais de melhora. A estimativa é de que o indicador tenha reagido no terceiro trimestre de 2017 com alta de até 1,6%, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e especialistas ouvidos por reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
Desde o terceiro trimestre de 2013, a taxa de investimentos caiu de 21,52% do Produto Interno Bruto para 15,49%, segundo dados do Ipea. Mas outro estudo da entidade, que mede a evolução desses gastos mês a mês, indicou que, cresceram 0,8% em agosto frente ao mesmo período de 2016. O resultado é o primeiro positivo nessa comparação após 13 quedas mensais seguidas.
Para José Ronaldo de Souza Júnior, coordenador de Estudos de Conjuntura do Ipea, o investimento em máquinas e equipamentos está crescendo bastante e de maneira aparentemente consistente. “Está havendo um respiro no investimento quando se olha os dados mensais”, disse ao Estado. O especialista projeta alta de 1,6% no trimestre encerrado em outubro deste ano.
A produção de máquinas e equipamentos teve alta em agosto, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O segmento de bens de capital, que abrange a fabricação de produtos destinados à produção de outros produtos, registrou alta durante cinco meses seguidos, entre abril e agosto. No ano, o setor teve alta de 4,4%, contra 1,5% da indústria no geral
Segundo o gerente de Coordenação da Indústria do IBGE, André Macedo, apesar do dado positivo, a produção de bens de capital ainda é baixa em relação aos patamares do passado. “É inegável que há uma melhora de ritmo, mas como as perdas do passado foram intensas, o movimento é muito gradual e lento em relação à retomada do investimento”, disse ao jornal.
Outros analistas ouvidos pela reportagem também detectam alta nos investimentos nos últimos meses, apesar do patamar baixo. “Vamos deixando aos poucos o cenário de corte visto no investimento desde 2014”, afirma Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências. Ele prevê um crescimento de 0,7% do investimento no terceiro trimestre deste ano.
Para Rodolfo Margato, do Santander, o patamar deve ser de 1%, e o avanço deverá ser maior a partir do próximo ano, mas a recuperação ainda deve ser longa. “É claro que a volta dos investimentos é um sinal positivo, por interromper quatro anos de contração, mas está longe de compensar todas as perdas desse período”, disse ao Estadão.
A divulgação dos dados do PIB do terceiro trimestre pelo IBGE – que inclui o indicador de investimentos – está prevista para o dia 1º de dezembro.
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