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IPCA eleva juros futuros de curto prazo; taxas intermediárias e longas estão estáveis

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As taxas de juros futuros com prazos intermediários e longos reverteram a alta observada no começo da tarde e encerraram a sessão desta quarta-feira praticamente estáveis em relação aos ajustes anteriores. Esse comportamento mais calmo acompanhou o alívio vindo dos Estados Unidos, onde um leilão de títulos de 10 anos promovido pelo Tesouro teve forte demanda, intensificando a queda dos Treasuries, que já estavam em baixa após a divulgação de números mais moderados da inflação atacadista no país.

No segmento de curto prazo da curva, a deflação do IPCA de agosto, que ficou menos intensa do que o esperado, continuou pressionando para alta as taxas e esfriou as expectativas de redução da Selic ainda neste ano.

Ao final dos negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 subiu de 13,957% para 14,005%. O DI para janeiro de 2029 oscilou de 13,192% para 13,200%, enquanto o DI para janeiro de 2031 recuou para 13,455%, ante 13,466% na sessão anterior.

Nos EUA, o índice de preços ao produtor (PPI) divulgou queda de 0,1% em agosto frente a julho, contrariando a expectativa de alta de 0,4%, segundo analistas consultados pela Factset. Otávio Oliveira, gerente da tesouraria do Banco Daycoval, afirmou que o PPI trouxe tranquilidade sobre possíveis aumentos inflacionários decorrentes das tarifas americanas, e que o mercado considera praticamente certo que o Fed poderá realizar dois cortes de juros ainda em 2023.

“Podemos ter uma redução dos juros mais rápida lá fora”, disse Oliveira, destacando que os números tranquilos do PPI foram decisivos para a queda dos Treasuries hoje e, consequentemente, para a estabilidade das taxas longas aqui no Brasil. “Com os juros mantidos em 15%, aumenta o atrativo para o carry trade e abre espaço para maior risco em ativos brasileiros”, avaliou.

No cenário doméstico, o IPCA de agosto reforçou a expectativa de que a Selic permanecerá em 15% até o fim do ano, segundo Oliveira. O índice recuou 0,11%, uma deflação menos intensa que a mediana prevista pelo Projeções Broadcast (-0,16%). Mais relevante do que o número total, economistas destacaram os aspectos qualitativos do índice, considerados negativos. A difusão aumentou de 50% em julho para 57% em agosto. Segundo cálculos do BV, a média dos núcleos inflacionários acelerou mensalmente de 0,27% para 0,30%, apesar dos serviços terem desacelerado, subindo 0,39% ante 0,59% no mês anterior.

Em 12 meses, a inflação dos serviços avançou de 6% para 6,16%, comentou Roberto Secemski, economista-chefe para o Brasil do Barclays. “Este segmento continuará demandando atenção, como tem sido frequentemente ressaltado pelo Banco Central”, destacou. Para Secemski, é improvável que o Banco Central sinalize cortes em breve, projetando o primeiro corte da taxa básica para março de 2026.

No âmbito político, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) continuou em mais uma sessão. Após os votos favoráveis à condenação manifestados pelos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino na sessão anterior, o ministro Luiz Fux discordou, defendendo que o processo seja anulado no STF, alegando incompetência do tribunal para julgar o caso. Otávio Oliveira ponderou que, embora o julgamento possa influenciar, seu impacto nas taxas de juros e em outros ativos é limitado diante dos dados concretos do IPCA e do PPI, além de o julgamento ainda estar em andamento.

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