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Irã e países europeus retomam negociações nucleares em Istambul

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Uma delegação do Irã encontrou-se nesta sexta-feira (25) com representantes da Alemanha, França e Reino Unido para recomeçar as conversações sobre o programa nuclear iraniano, diante da possibilidade de que os países europeus imponham novamente sanções contra Teerã.

Este foi o primeiro encontro envolvendo esses quatro países desde o conflito de 12 dias entre Israel e Irã, iniciado por Israel em meados de junho com o objetivo declarado de impedir que a República Islâmica desenvolvesse armas nucleares.

Após uma reunião longa, Kazem Qaribabadi, vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, declarou na rede social X que o diálogo foi “sincero e detalhado” e que as discussões “vão continuar”.

A Alemanha, França e Reino Unido, juntamente com Estados Unidos, China e Rússia, firmaram um acordo em 2015 com o Irã que limitava o avanço do programa nuclear em troca do alívio gradual das sanções da ONU.

Porém, em 2018, sob o governo de Donald Trump, os Estados Unidos saíram unilateralmente do acordo e restabeleceram sanções contra o Irã.

Os três países europeus mantiveram seu compromisso com o pacto de 2015 e manifestaram a intenção de manter comércio com o Irã, evitando até então o retorno das sanções da ONU e da Europa.

No entanto, agora eles acusam Teerã de não cumprir os termos e ameaçam reativar todas as sanções previstas em uma cláusula do acordo que expira em outubro. O Irã busca evitar essa medida a todo custo.

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Irã é o único país não detentor de armas nucleares que faz enriquecimento de urânio a 60%, índice bem acima do limite de 3,67% estipulado pelo acordo de 2015, mas ainda abaixo dos 90% necessários para confeccionar uma bomba atômica.

Antes das negociações, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baqai, afirmou que este encontro representa “um teste de realismo para os europeus e uma chance valiosa para que corrijam sua postura sobre a questão nuclear do Irã”.

Uma fonte europeia disse à AFP que “não lidar com o E3 (a designação para Alemanha, França e Reino Unido) não é uma alternativa diante do Irã”.

Os europeus estão prontos para ativar um mecanismo chamado “snapback” caso não haja um acordo negociado, enquanto Kazem Qaribabadi considerou essa ação “completamente ilegal”.

O diretor da AIEA, o argentino Rafael Grossi, qualificou como “animador” o fato do Irã permitir uma visita da agência da ONU nas “próximas semanas”.

O Irã interrompeu a cooperação com a AIEA em julho devido ao conflito com Israel e ameaçou sair do Tratado de Não Proliferação Nuclear, que assegura o uso pacífico da energia atômica, caso as sanções da ONU sejam restabelecidas.

Porém, a República Islâmica quer evitar isso para não aumentar seu isolamento internacional nem pressionar ainda mais sua economia fragilizada pelas sanções americanas.

O Irã acredita que a AIEA tem alguma responsabilidade no início dos ataques israelenses, seguidos pelos dos EUA em 22 de junho, que atingiram as instalações nucleares de Fordo, Natanz e Isfahan.

Rafael Grossi disse que a visita de uma equipe técnica pode preparar o terreno para que inspetores da agência voltem ao Irã.

A decisão do Irã de interromper a cooperação com a AIEA irritou Israel, potência nuclear não declarada, que pediu aos três países europeus a “reposição total das sanções contra Teerã”.

Após o conflito, o Irã reafirmou que não desistirá de seu programa nuclear, que é um “orgulho nacional”, conforme palavras do ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi. “É fundamental que os europeus saibam que as posições do Irã permanecem firmes e que o enriquecimento de urânio continuará”, declarou na quinta-feira.

Abbas Araqchi mencionou que o enriquecimento está temporariamente “suspenso” devido a danos severos provocados pelos ataques dos EUA e Israel durante a guerra.

Essa questão foi um ponto de divergência significativo entre Washington e Teerã nas negociações anteriores ao conflito.

O Irã considera o enriquecimento de urânio um direito indispensável para seu programa nuclear civil, enquanto os Estados Unidos veem isso como uma linha que não podem aceitar.

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