Rio de Janeiro: “Hoje há 400 pessoas esperando na fila por um leito de UTI”, diz especialista (Luis Alvarenga/Getty Images)
Moradores do município do Rio estão aderindo menos ao isolamento social recomendado pelas autoridades como medida de prevenção ao novo coronavírus. Números da empresa de inteligência artificial Cyberlabs mostram que a cidade apresentou um isolamento de 74% na última segunda-feira, enquanto há 15 dias essa taxa era de 79%.
Além disso, o maior número de pessoas nas ruas pode estar relacionado ao aumento de casos de Covid-19: o dia com o maior número de novos casos confirmados da doença no Rio foi 27 de abril, com 763 registros, cerca de duas semanas depois dos dias com menor taxa de isolamento: 11 e 13 de abril, com 75%, e 14 de abril, com 74%. As datas coincidem com o prazo médio de 14 dias indicado por especialistas e pelo Ministério da Saúde como o tempo de incubação do coronavírus após o contato.
O infectologista Edimilson Migowski, diretor de relações externas da UFRJ, aponta que os números podem indicar uma segunda leva de contaminação.
“A doença tem se manifestado na primeira semana após o contato com o vírus. Porém, há sempre uma segunda onda de contaminação, quando os primeiros infectados transmitem o vírus para até duas ou três pessoas. As pessoas burlaram o isolamento, foram contaminadas e depois infectaram mais pessoas, inclusive parentes e amigos”.
Ainda de acordo com Migowski, daqui a duas semanas poderemos ter outro pico de Covid-19, mas com menos condições de atendimento.
“Hoje há 400 pessoas esperando na fila por um leito de UTI. Podemos projetar que 14 dias após a última segunda-feira, que também teve uma taxa de isolamento baixa (74%), o Rio poderá ter até mil pessoas esperando por uma vaga. Isso é terrível”, afirma o especialista.
O bairro em que mais pessoas saíram às ruas na segunda-feira, entre os monitorados, foi Botafogo, na Zona Sul, com 67% (significa que foram observadas 67% de pessoas a menos nas ruas em relação a segundas-feiras antes da quarentena). Em seguida, vem Copacabana, com 70%. Nesta terça-feira, havia filas em mercados e bancos do bairro. Na Zona Oeste, o comércio popular de Campo Grande estava com grande circulação de pessoas. Já no Centro, perto do Largo da Carioca, muitos comerciantes atendiam na calçada. Na Lapa, na Rua do Riachuelo, o mesmo cenário: muitas pessoas próximas umas das outras.
A Cyberlabs vem trabalhando em parceria com o Centro de Operações Rio, com 800 câmeras de videomonitoramento privadas e públicas, incluindo 400 do COR. A ferramenta faz a contagem automática das pessoas que aparecem nas imagens.
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