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Israel ataca Gaza; civis tentam fugir enquanto governo ameaça Hamas

Na madrugada do último domingo, 25, Israel lançou ataques aéreos nos arredores da Cidade de Gaza, destruindo diversos prédios e residências em uma área já sofrida por quase dois anos de conflito.
Segundo o Ministério da Saúde da região controlada pelo Hamas, esses bombardeios realizados por Tel Aviv nas últimas 24 horas provocaram a morte de 63 pessoas.
Imagens obtidas pela Al Jazeera Arabic mostraram a ofensiva israelense avançando no bairro de Sabra, situado na Cidade de Gaza, próximo de Zeitoun, uma área que tem sido frequentemente alvo do exército de Israel.
Profissionais do Hospital Al-Ahli relataram a morte de uma criança no recente bombardeio em Sabra. Ainda, médicos confirmaram a morte de 16 pessoas em Khan Younis e de 22 palestinos que buscavam socorro humanitário no sudeste da região.
Além das vítimas fatais, existem relatos de indivíduos soterrados sob os escombros, e casos de mortes por desnutrição em hospitais e por disparos em centros de distribuição de alimentos, fatos que se tornaram corriqueiros na Faixa de Gaza, conforme relatos locais.
Testemunhas descreveram explosões contínuas durante a noite nos bairros de Zeitoun e Shejaia, enquanto tanques atacavam casas e vias no bairro vizinho de Sabra e diversos prédios em Jabalia, todos localizados no norte de Gaza, a área mais impactada pela crise humanitária.
O governo de Tel Aviv afirma que os bombardeios em Jabalia visam desativar túneis e reforçar o controle local, indicando que a operação permite expandir a luta para outras áreas e impedir o retorno de militantes do Hamas.
A ofensiva acontece paralelamente a um plano aprovado por Israel para capturar a Cidade de Gaza, que abriga cerca da metade da população do território, enquanto uma proposta de cessar-fogo aceita pelo Hamas aguarda a aprovação israelense.
Essa iniciativa tem recebido críticas de organizações humanitárias preocupadas com a população civil, da comunidade internacional — incluindo aliados importantes de Israel — e até de segmentos da população israelense que temem pela segurança dos reféns mantidos pelo Hamas desde os ataques em 7 de outubro, que deflagraram o conflito.
Relatos à imprensa indicam que o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu foi alertado pelo chefe do Exército, Eyal Zamir, dos riscos que a tomada da Cidade de Gaza poderia representar para os reféns.
O Ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, reafirmou o compromisso com a ofensiva, ressaltando que a Cidade de Gaza será completamente destruída caso o Hamas não aceite encerrar o conflito nos termos exigidos e liberte todos os reféns.
Por sua vez, o grupo terrorista declarou que a proposta israelense demonstra falta de seriedade quanto ao cessar-fogo, condição que consideram essencial para a libertação dos reféns, responsabilizando Netanyahu pelas vidas dos sequestrados.
O acordo em debate prevê uma trégua de 60 dias, a libertação de 10 reféns vivos por parte do Hamas e a devolução de 18 corpos, enquanto Israel liberaria cerca de 200 prisioneiros palestinos há muito tempo detidos. Após o início do cessar-fogo, as negociações para uma trégua permanente e a liberação dos reféns remanescentes seriam iniciadas.
Os ataques fizeram com que milhares de moradores se deslocassem na Cidade de Gaza, carregando seus bens em veículos e riquixás, enquanto outros decidiram permanecer no local. A ONU aponta que quase toda a população já foi deslocada por diversas vezes devido às hostilidades.
Mohammad, 40 anos, afirmou à Reuters que perdeu a conta das vezes que teve que mover sua família para fugir dos ataques, reconhecendo que nenhum local é seguro, mas teme uma invasão repentina com fogo pesado.
Aya, 31 anos, com uma família de oito pessoas, declarou que não pretende sair, mesmo diante dos bombardeios, citando falta de recursos para abrigo ou transporte, e relatando fome, medo e ausência de dinheiro.
Um grupo internacional de monitoramento apontou recentemente que a Cidade de Gaza e áreas próximas enfrentam uma situação oficial de fome, que deve se estender para todo o território, apesar da rejeição dessa avaliação por parte de Israel, que limita a chegada de ajuda humanitária desde o início do conflito.
Informações do Ministério da Saúde de Gaza indicam que oito pessoas adicionais morreram por desnutrição e fome, elevando as mortes por essas causas a 289, incluindo 115 crianças, desde o início da guerra, números contestados por Israel.

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