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Israel autoriza retomada de lançamentos aéreos de ajuda para Gaza amid crise de fome

Israel, enfrentando pressão global para permitir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, anunciou neste sábado (26) a reinicialização dos lançamentos aéreos de suprimentos no território. O Reino Unido e os Emirados Árabes Unidos estão prontos para apoiar essa ação.
A Defesa Civil da região relatou a morte de 40 pessoas devido a bombardeios e tiros israelenses, enquanto um navio com ativistas pró-palestinos foi detido por soldados israelenses próximo à costa de Gaza.
Em uma transmissão ao vivo, os militares foram vistos embarcando no navio Handala, que saiu da Sicília carregado com mantimentos médicos, alimentos, itens para crianças e medicamentos, em uma missão organizada pelo grupo internacional Flotilha da Liberdade. Os ativistas, no convés, assobiaram a canção antifascista italiana “Bella Ciao” enquanto as tropas tomavam o controle da embarcação.
Israel mantém o cerco a Gaza desde o início do conflito com o Hamas em 2023, impedindo completamente a entrada de suprimentos desde o início de março. Embora algumas flexibilizações tenham ocorrido no fim de maio, a população local enfrenta falta severa de alimentos, remédios e itens essenciais.
Organizações internacionais, incluindo a ONU, alertam para o agravamento da desnutrição infantil e o risco de fome generalizada para mais de dois milhões de residentes no território.
Na mesma data, o Reino Unido comunicou preparação para envio de ajuda e resgate de crianças necessitadas de cuidados médicos, cooperando com parceiros como a Jordânia. Os Emirados Árabes Unidos também afirmaram que retomariam os lançamentos aéreos de forma imediata.
O exército israelense declarou que os lançamentos seriam retomados à noite e que corredores humanitários serão criados para garantir o transporte seguro de comboios de alimentos e medicamentos da ONU. As primeiras cargas incluirão farinha, açúcar e alimentos enlatados fornecidos por entidades internacionais.
Na sexta-feira, países como França, Alemanha e Reino Unido pediram o fim imediato das restrições à entrada de ajuda.
Apesar de serem realizadas várias vezes em 2024, os lançamentos aéreos são vistos por muitos como caros, ineficazes e perigosos. O diretor da agência para refugiados palestinos da ONU (UNRWA), Philippe Lazzarini, afirmou via rede social que esta estratégia não resolverá o problema da fome crescente e pode até colocar civis em risco.
Também neste sábado, a Defesa Civil de Gaza confirmou 40 mortes em ataques israelenses, principalmente em áreas como Cidade de Gaza, Khan Yunis e um campo central na Faixa. Entre as vítimas, três pessoas foram atingidas por disparos enquanto aguardavam ajuda, incluindo uma fatalidade durante tiros contra um grupo no noroeste da Cidade de Gaza.
Testemunhas relataram que milhares se reuniram para receber alimentos. Abou Samir Hamoudeh, de 42 anos, disse que o exército abriu fogo quando as pessoas tentaram se aproximar do ponto de distribuição próximo a um posto militar. O exército israelense afirmou estar investigando o ocorrido e indicou que realizou bombardeios contra mais de cem alvos ligados a terroristas nas últimas 24 horas.
Impedimentos às comunicações e acesso dificultado em várias áreas limitam a verificação independente das informações por agências internacionais.
O conflito atual teve início após um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.219 israelenses, majoritariamente civis, segundo dados oficiais compilados pela AFP. Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva que causou ao menos 59.733 falecimentos em Gaza, na sua maioria civis, conforme dados do Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, reconhecidos pela ONU como confiáveis.

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