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Israel bombardeia cidade de Gaza; palestinos fogem

Tanques e aviões de combate israelenses continuaram os ataques nesta quinta-feira (18) contra a Cidade de Gaza, forçando os habitantes a se deslocarem para o sul do território palestino, cenário de quase dois anos de conflito.
Israel iniciou na terça-feira uma grande ofensiva terrestre e aérea sobre a maior cidade da Faixa de Gaza para “eliminar” o grupo islamista Hamas.
O conflito entre Israel e o Hamas causou uma grave crise humanitária e destruiu grande parte do território.
Uma longa fila de palestinos fugindo da Cidade de Gaza seguia em direção ao sul, a pé ou em carroças puxadas por burros, carregando poucos pertences.
No entanto, muitos, como Aya Ahmed, de 32 anos, não sabem para onde ir, ou não conseguem arcar com os altos custos do transporte.
“O mundo não entende o que está acontecendo. Eles (Israel) querem que sigamos para o sul, mas onde vamos viver? Não temos barracas, nem transporte, nem dinheiro”, disse Aya Ahmed, que está refugiada com 13 familiares na cidade, sob “bombardeios constantes”.
Os palestinos afirmam que os preços para a viagem até o sul aumentaram muito, chegando a mais de 1.000 dólares em alguns casos.
As forças militares israelenses anunciaram a abertura de “uma rota de passagem temporária pela estrada Salah al Din”, que corta a Faixa de Gaza de norte a sul.
Esse corredor estará disponível apenas até sexta-feira ao meio-dia (6h00 de Brasília).
De acordo com a ONU, quase um milhão de pessoas viviam no final de agosto na Cidade de Gaza e arredores.
“Genocídio em Gaza”.
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, expressou em rede social que a operação militar e as ordens de evacuação no norte de Gaza estão causando novos deslocamentos, forçando famílias traumatizadas a buscar abrigo em áreas cada vez menores e inadequadas.
“Os hospitais, já sobrecarregados, estão à beira do colapso, pois a escalada da violência impede o acesso e a OMS de entregar suprimentos essenciais”, acrescentou.
Segundo informações hospitalares, três crianças estão entre as 12 vítimas fatais dos bombardeios da noite de quarta-feira.
A Defesa Civil local, sob autoridade do Hamas, declarou que pelo menos 64 pessoas morreram, sendo 41 na Cidade de Gaza, na quarta-feira.
As restrições à imprensa e as dificuldades de acesso em Gaza impedem a verificação independente dos números divulgados pelas partes envolvidas.
A Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU, que não representa oficialmente as Nações Unidas, afirmou na terça-feira que “está ocorrendo um genocídio em Gaza”.
Israel rejeitou categoricamente o “relatório tendencioso e falso”.
A Espanha anunciou que investigará as graves violações dos direitos humanos cometidas em Gaza para colaborar com o Tribunal Penal Internacional (TPI), que emitiu mandados de prisão contra funcionários israelenses por supostos crimes de guerra.
“Não queremos morrer”.
“Chega, queremos ser livres. Queremos viver, não morrer!”, declarou desesperado Mohamed al Danf, morador da Cidade de Gaza.
A ofensiva israelense na Cidade de Gaza foi amplamente criticada internacionalmente e internamente em Israel, onde muitos estão preocupados com os reféns sequestrados pelo Hamas em outubro de 2023.
Parentes dos reféns protestaram na quarta-feira em frente à residência do primeiro-ministro israelo, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, contra a ofensiva.
“Meu filho está morrendo. Em vez de trazê-lo de volta, você está fazendo exatamente o contrário: tem feito de tudo para impedir seu retorno”, disse Ofir Braslavski, cujo filho Rom permanece em cativeiro em Gaza.
Durante o ataque de outubro de 2023, combatentes islamistas mataram 1.219 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo dados da AFP baseados em fontes oficiais.
Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 47 permanecem em cativeiro em Gaza, das quais 25 foram declaradas mortas pelo Exército israelense.
A campanha de retaliação israelense matou mais de 65.100 palestinos na Faixa de Gaza, também em sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, considerado confiável pela ONU.

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