Mundo
Israel começa a expulsar ativistas após barrar último barco para Gaza

Israel deu início nesta sexta-feira (3) à expulsão dos ativistas da flotilha que tentava levar ajuda humanitária a Gaza, cujo último navio foi impedido de prosseguir.
A flotilha Global Sumud, que significa “resiliência” em árabe, partiu em setembro passado de Barcelona com ativistas como Greta Thunberg e outras figuras políticas, buscando entregar auxílio ao território palestino que, segundo a ONU, enfrenta uma grave crise de fome.
No entanto, Israel mantém um bloqueio marítimo ao redor de Gaza, onde seu exército trava conflito com o grupo islâmico Hamas, intensificado após o ataque de 7 de outubro de 2023.
Na quarta-feira, a Marinha israelense começou a impedir os navios da flotilha e a deter centenas de participantes oriundos de diversos países, incluindo Brasil, Argentina, México e Espanha.
Greta Thunberg, o brasileiro Thiago Ávila, a ex-prefeita de Barcelona Ada Colau e Mandla Mandela, neto de Nelson Mandela, estão entre os envolvidos na ação.
A polícia informou que mais de 470 ativistas foram detidos, submetidos a rigorosas inspeções e encaminhados à administração penitenciária.
As expulsões começaram já nesta sexta-feira conforme informou o Ministério das Relações Exteriores, que ressaltou que os ativistas serão enviados principalmente para países europeus.
“Quatro cidadãos italianos já foram deportados, enquanto os demais estão em processo de expulsão. Israel quer concluir o procedimento o quanto antes”, afirmou a chancelaria via rede social.
O governo israelense destacou que nenhum dos navios conseguiu romper o bloqueio naval vigente há anos.
O último navio da flotilha, chamado ‘Marinette’, foi interceptado a cerca de 42,5 milhas náuticas de Gaza, conforme comunicado da própria flotilha por seu canal no Telegram.
Os integrantes da iniciativa denunciaram a interceptação como ilegal, afirmando que as 42 embarcações transportavam ajuda humanitária, voluntários e uma tentativa de romper o cerco imposto por Israel.
A organização Repórteres sem Fronteiras confirmou que entre os detidos havia mais de 20 jornalistas de veículos como o jornal espanhol El País, a emissora do Catar Al Jazeera e a emissora pública italiana RAI.
Em reação às ações, ocorreram manifestações em diversas cidades como Brasília, Buenos Aires, Paris, Roma, Túnis e Berlim.
Em Barcelona, local de partida da flotilha, cerca de 15.000 pessoas protestaram com palavras de ordem como “Gaza não está sozinha”, “Boicote Israel” e “Liberdade para a Palestina”.
Na Itália, onde o governo criticou os organizadores da flotilha, sindicatos convocaram uma greve geral que afetou a rede ferroviária no dia da interceptação.
Um estudante italiano, Giordano Fioramonti, declarou que é um dever cívico expressar insatisfação com os acontecimentos globais e a postura de seu governo.
Autoridades israelenses qualificaram parte dos ativistas como antissemitas e elogiaram a ação contra os navios.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que a operação evitou que dezenas de embarcações ingressassem em uma área de conflito e impediu uma tentativa de deslegitimar Israel.
O ataque dos grupos islâmicos em 7 de outubro de 2023 causou a morte de 1.219 pessoas em Israel, majoritariamente civis, segundo dados oficiais compilados pela AFP.
A retaliação israelense já resultou na morte de pelo menos 66.225 pessoas na Faixa de Gaza, também majoritariamente civis, conforme informações do Ministério da Saúde local, sob administração do Hamas, dados reconhecidos pela ONU.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login