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Israel comete genocídio, colonização e apartheid, afirma Ilan Pappe

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O historiador israelense crítico ao sionismo, Ilan Pappe, destacou a importância do uso de uma “linguagem apropriada” para descrever o que ocorre atualmente na Faixa de Gaza: genocídio, colonização, limpeza étnica e apartheid. Essa declaração foi feita durante um evento realizado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), intitulado Da Limpeza Étnica ao Genocídio na Palestina.

“Chamar os atos praticados pelo estado de Israel desde outubro de 2023 como genocídio é fundamental para abordarmos o tema com a terminologia correta, tanto para os últimos dois anos quanto para os últimos 140 anos.”

Ilan Pappe é professor na Universidade de Exeter, na Inglaterra. Segundo ele, a mídia, instituições políticas, acadêmicos e lideranças frequentemente empregam uma linguagem equivocada sobre os eventos que ocorrem na Palestina, o que alimenta mitos que sustentam o projeto sionista e perpetuam a atual situação, incluindo a ofensiva israelense contra Gaza. Essa narrativa foi construída para justificar as ações contra os palestinos e proteger o Estado de Israel.

O historiador criticou a forma como a história da Palestina é apresentada em muitas universidades, especialmente no Hemisfério Norte.

“Pouquíssimas universidades no Norte Global ensinam o sionismo como um projeto de colonização e as resistências como movimentos anticoloniais.”

“É evidente que Israel é visto pela Europa como uma extensão dela mesma, tornando improvável que o Norte Global tome medidas contra as ações israelenses sobre os palestinos.” Ele ressaltou que Israel resultou de uma solução europeia para o antissemitismo, feita às custas do povo árabe e palestino.

Para enfrentar esta realidade, Ilan Pappe defende que o assunto seja objeto de estudo aprofundado.

“A limpeza étnica é mais que uma política, é uma ideologia. Sem analisar a ligação entre a ideologia sionista e o genocídio, não conseguiremos frear as ações do Estado de Israel contra os palestinos.”

Ele explicou que inicialmente o projeto sionista foi apresentado como um movimento de retorno e redenção, mas na prática era uma colonização. “Continuaram a chamar os palestinos de nômades, como se fossem pessoas dispostas a se mover para outras terras, em vez de reconhecerem que são vítimas de limpeza étnica e do projeto sionista de colonização.”

“Esperávamos que as imagens chocantes de Gaza e o horror mostrado seriam suficientes para mudar a linguagem usada para descrever esses atos criminosos.”

No entanto, acadêmicos que se posicionaram explicitamente contra o extermínio palestino sofreram ameaças e foram rotulados como apoiadores do terrorismo.

Ilan Pappe destacou, contudo, que a sociedade civil e alguns acadêmicos em poucos países têm trazido uma nova compreensão sobre o conflito. “É encorajador que, em uma universidade em São Paulo, possamos usar a linguagem correta para falar da Palestina, mas isso não deve ser considerado garantido.”

O encontro também contou com a participação de vozes importantes em defesa da Palestina, que denunciaram a colonização sionista, limpeza étnica, apartheid, ocupação militar e genocídio em Gaza.

Estavam presentes, entre outros, Arlene Clemesha (diretora do CEPal-FFLCH/USP), Francisco Rezek (ex-ministro do STF), Paulo Casella (professor e membro do Fórum Permanente sobre Genocídios e Crimes contra a Humanidade da USP), Paulo Sérgio Pinheiro (professor e ex-Ministro da Secretaria de Estado de Direitos Humanos), Soraya Misleh (dirigente da Frente Palestina São Paulo), Júlia Wong (presidenta do Centro Acadêmico XI de Agosto) e Maira Pinheiro (advogada).

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