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Israel e Hamas se acusam de impedir acordo de paz em Gaza

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Israel e o Hamas trocaram acusações neste sábado (12) por bloquearem os esforços para conseguir um cessar-fogo na Faixa de Gaza, depois de quase uma semana de negociações indiretas em Doha, Catar, visando encerrar 21 meses de intensos conflitos na região palestina.

Uma fonte palestina informada sobre as conversas em Doha relatou que as propostas de Israel para manter suas tropas na área afetada pela guerra estão dificultando a obtenção de uma trégua de 60 dias. Por outro lado, um alto integrante do governo israelense, que falou anonimamente devido à sensibilidade do tema, acusou o grupo palestino de ser inflexível e de tentar sabotar os esforços para um acordo.

No terreno, a Defesa Civil de Gaza comunicou que mais de 20 pessoas morreram em todo o território neste sábado, incluindo vítimas de um ataque aéreo noturno em um campo de deslocados.

— Enquanto dormíamos, houve uma explosão que atingiu dois meninos, uma menina e sua mãe, todos abrigados no local — relatou Bassam Hamdan à AFP após o ataque numa parte da cidade de Gaza. — Encontramos seus corpos despedaçados espalhados.

Nas áreas do sul de Gaza, corpos cobertos com lençóis plásticos foram levados ao hospital Nasser, em Khan Yunis, enquanto os feridos de Rafah receberam atendimento transportados em carroças puxadas por burros, macas ou carregados por pessoas.

Tanto o Hamas quanto Israel afirmaram que 10 reféns capturados desde o ataque do grupo palestino em 7 de outubro de 2023 — que deu início à guerra — seriam libertados caso um acordo fosse firmado.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou estar aberto a conversas para encerrar os confrontos de forma definitiva. Contudo, uma fonte palestina comentou que a recusa de Israel em aceitar a retirada total das tropas da Faixa de Gaza está bloqueando o avanço nas negociações.

Uma segunda fonte mencionou que mediadores pediram a suspensão temporária das conversas até a chegada do enviado especial americano para o presidente Donald Trump, Steve Witkoff, à capital catarense.

— As negociações em Doha enfrentam retrocessos e desafios complexos devido à insistência de Israel, até sexta-feira, em apresentar um plano de retirada que na realidade é um redesenho e reposicionamento das forças israelenses, em vez de uma retirada genuína — explicou a primeira fonte.

Segundo as fontes, Israel propõe manter a presença militar em mais de 40% do território palestino, obrigando milhares de deslocados a se concentrar numa área reduzida próxima à cidade de Rafah, fronteira com o Egito.

— A delegação do Hamas rejeita os mapas apresentados por Israel, pois legitimam a ocupação de metade da Faixa de Gaza e dividem a região em zonas isoladas, sem acessos ou liberdade de circulação — disseram.

Um alto funcionário político de Israel rebateu, afirmando que o Hamas rejeitou as propostas em discussão e que o grupo está criando obstáculos intencionais e recusando concessões para atrapalhar as negociações.

Em comunicado enviado à AFP, o funcionário acrescentou que Israel tem demonstrado flexibilidade, enquanto o Hamas permanece firme em posições que impedem o avanço dos mediadores.

Os ataques do Hamas contra Israel em 2023 resultaram na morte de pelo menos 1.219 pessoas, principalmente civis, segundo dados israelenses compilados pela AFP. Dos 251 reféns sequestrados, 49 permanecem em cativeiro, incluindo 27 considerados mortos pelo exército israelense. Do lado palestino, o Ministério da Saúde de Gaza contabiliza pelo menos 57.882 mortos desde o início do conflito, a maioria civis.

O exército de Israel anunciou que, nas últimas 48 horas, realizou ataques contra cerca de 250 alvos considerados terroristas em toda a Faixa de Gaza, que incluíram combatentes, depósitos de armas e túneis.

Dois cessar-fogos anteriores mediante acordos de troca de prisioneiros foram realizados, liberando 105 reféns em troca de centenas de palestinos presos.

Uma segunda fonte palestina indicou que houve certo progresso nas recentes conversas sobre a libertação de prisioneiros e a obtenção de mais ajuda humanitária para Gaza.

Benjamin Netanyahu, sob pressão interna e externa para encerrar o conflito, ressaltou que neutralizar o Hamas como ameaça é condição para negociações de cessar-fogo duradouro, incluindo o desarmamento do grupo, avisando que, caso contrário, Israel tomará medidas pela força.

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