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Itamaraty repreende diplomata dos EUA por interferência inaceitável

Após ser convocado pelo Itamaraty, o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, recebeu uma advertência na tarde desta quarta-feira da secretária de Europa e América do Norte do Ministério das Relações Exteriores, Maria Luísa Escorel.
A diplomacia brasileira informou ao representante americano que a nota da embaixada relativa a uma suposta “perseguição política” contra Jair Bolsonaro constituiu uma intromissão inadequada e inaceitável em assuntos internos do Brasil.
Escobar foi convocado para esclarecer o conteúdo do comunicado, que apoiou as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em defesa de Bolsonaro.
A conversa teve duração aproximada de 40 minutos e, segundo uma fonte próxima ao encontro, Escorel alertou que o incidente poderá prejudicar as relações bilaterais.
A diplomata ressaltou ainda que a Embaixada dos EUA possui conhecimento suficiente sobre os acontecimentos no Brasil nos últimos anos, incluindo os processos relacionados a uma tentativa de golpe.
Escorel afirmou que o governo brasileiro foi pego de surpresa com a publicação e destacou que os Estados Unidos são uma nação democrática e amiga, que não deveria se envolver em questões internas, especialmente aquelas relacionadas ao Judiciário brasileiro.
Na nota, a representação americana declarou que Bolsonaro, seus familiares e apoiadores estão sendo alvo de perseguição vergonhosa e antidemocrática.
“Jair Bolsonaro e sua família têm sido parceiros próximos dos Estados Unidos. A perseguição política contra ele, seus familiares e apoiadores é vergonhosa e fere as tradições democráticas brasileiras. Reafirmamos a declaração do presidente Trump. Monitoramos a situação de perto”, afirmou a Embaixada dos EUA.
A administração Trump considera que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Morais, age contra a liberdade de expressão no Brasil.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, já declarou que Morais deveria sofrer sanções americanas, incluindo a possibilidade de ser proibido de entrar nos EUA.
Trump reiterou seu apoio a Bolsonaro nas redes sociais. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu afirmando que o Brasil é soberano e que a defesa da democracia é responsabilidade dos brasileiros.
Em nota, Lula afirmou: “A defesa da democracia no Brasil é uma responsabilidade dos brasileiros. Somos um país soberano e não aceitamos interferência ou tutela externa. Temos instituições fortes e independentes. Ninguém está acima da lei — especialmente aqueles que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito”.
A convocação do diplomata, na linguagem diplomática, demonstra o desagrado do governo brasileiro. O teor da nota causou irritação nas autoridades do país.
Essa reação pode ser comparada ao ato de um país chamar de volta seu embaixador. Não há informações se a embaixadora brasileira em Washington, Maria Luiza Viotti, retornará ao Brasil.
Em comunicado, a embaixada confirmou a visita de Escobar ao Itamaraty, mas afirmou que não divulga detalhes de reuniões privadas.
A Embaixada dos EUA no Brasil está sem um embaixador titular desde janeiro, quando Trump tomou posse. O cargo era ocupado pela democrata Elizabeth Bagley.

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