José Daniel Ferrer, dissidente cubano, exila-se nos EUA

José Daniel Ferrer, conhecido opositor ao governo cubano, deixou a prisão no leste de Cuba e partiu em exílio para os Estados Unidos junto com sua família, conforme comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores de Cuba nesta segunda-feira (13).

Em 3 de outubro, Ferrer enviou uma carta confirmando sua decisão de aceitar o exílio após relatar ter sofrido agressões físicas, torturas, humilhações, ameaças e condições extremas durante o período em que esteve preso.

“Por fim, meu irmão foi exilado, graças a Deus. Estamos muito felizes, apesar da ansiedade que enfrentamos nos últimos dias”, afirmou à AFP por meio do WhatsApp sua irmã, Ana Belkis Ferrer, que está nos Estados Unidos.

Segundo o ministério cubano, a saída para os Estados Unidos ocorreu após uma solicitação formal do governo americano e a aprovação expressa de Ferrer García.

Com 55 anos, José Daniel Ferrer é fundador da União Patriótica de Cuba (Unpacu), um movimento que busca promover mudanças democráticas por meios pacíficos na ilha. Ele foi inicialmente libertado em janeiro por um acordo negociado com o Vaticano durante o governo do ex-presidente dos EUA, Joe Biden, embora tenha sido preso novamente em abril.

Veterano da dissidência, Ferrer foi um dos 75 ativistas, jornalistas e intelectuais presos durante a chamada “Primavera Negra” em 2003, período em que passou mais de uma década encarcerado.

Enquanto a maioria dos opositores exilou-se, Ferrer optou por permanecer no país, enfrentando várias detenções ao longo do tempo.

Ele foi detido novamente em 11 de julho de 2021 quando tentava se juntar aos grandes protestos antigovernamentais que abalaram o país, os maiores desde a revolução de 1959.

Após a libertação, Ferrer foi transferido da prisão de Mar Verde para o aeroporto internacional de Santiago de Cuba, onde teve reencontro com seus familiares, incluindo sua esposa Nelva Ortega, seu filho caçula Daniel José, suas duas filhas e sua ex-esposa.