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Jovem ajuda idosos de asilos do DF a escrever cartas com pedidos de Natal

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A psicóloga Priscila Chaves Teixeira se inspirou no “Papai Noel dos Correios” para garantir presentes a 155 idosos de três asilos de Brasília. Com a ajuda do irmão e de uma voluntária, ela ouviu trajetórias de vida e desejos para poder escrever cada cartinha. Os relatos incluem as circunstâncias em que chegaram à capital do país, e os pedidos mais comuns chegam a surpreender pela simplicidade: lenços, cadeados para armários, rádios, roupas novas e até desodorante.

A ideia surgiu em novembro deste ano. Priscila, que tem 25 anos e há mais de uma década ajuda a avó fazer lanches mensais para os idosos do Lar dos Velhinhos Maria Madalena, disse que viu nas cartinhas uma oportunidade de dar voz à terceira idade.

“[Queria] Fazer um resgate das memórias, trazer muitas coisas da personalidade deles mesmo, da memória deles, para hoje. Nas instituições de longa permanência, muita coisa se perde, inclusive a identidade”, explica. “[Queria personalizar] ‘O que ele gosta de fazer? Como ele gosta de fazer?’.”

Segundo a jovem, alguns idosos se sentiram pouco à vontade com as cartas. O abrigo tem homens e mulheres com idades entre 60 e 105 anos. Muitos têm doenças como hipertensão, mal de Parkinson e demência. Parte deles foi deixada no local justamente por causa das dificuldades com os cuidados, que incluíam a necessidade de enfermeiros e tempo. Nem todos recebem visita da família.

O projeto, que inicialmente era voltado aos 89 idosos do abrigo do Núcleo Bandeirante, acabou se estendendo para o vizinho – Lar dos Velhinhos São Francisco de Assis. Pelas mãos da psicóloga, as histórias e os sonhos de mais 59 homens e mulheres ganharam espaço no papel. E a adesão de padrinhos veio tão rapidamente que Priscila pôde fazer o que não esperava: ajudar também os sete moradores de um terceiro asilo, em Taguatinga.

Cartinha escrita por Priscila, a partir de relato de idoso abrigado em asilo do DF, com pedido de presente de Natal (Foto: Priscila Chaves Teixeira/Arquivo Pessoal)
Cartinha escrita por Priscila, a partir de relato de idoso abrigado em asilo do DF, com pedido de presente de Natal (Foto: Priscila Chaves Teixeira/Arquivo Pessoal)

“[Quando comecei eu pensava] Será que vou ter padrinho para todas essas cartas? Não, a gente dá um jeito, junta dinheiro. [Mas pouco depois de iniciar o projeto] As pessoas me ligavam e eu já não tinha mais carta para adotar. Então criei um kit higiene e perguntei ‘por que vocês não dão um kit higiene?’ Então, ganhei tantos kits que vou precisar de mais uns dois lares”, brinca.

Idosos não se resumem apenas a doenças e depreciação. Na verdade, não. A gente está entrando em uma geração em que as pessoas se cuidam muito para ter um envelhecimento saudável. A gente tem investimento em tecnologia, em pesquisa, para que a gente tenha uma saúde muito boa. Os idosos de hoje não tiveram tanto esse auxílio, essa educação em saúde como a gente tem”
Priscila Chaves Teixeira,
psicóloga

Os kits são formados por xampu, condicionador, sabonete, hidratante e desodorante. Nos masculinos, há ainda loção pós-barba. Para as mulheres, batom, esmalte ou lenço. A ideia se espalhou em grupos em redes sociais, e a jovem afirma que desde então sempre recebe apoio de novos “netinhos”.

As celebrações junto aos idosos acontecem nesta semana, com direito a um lanche especial e até Papai Noel. “Dessa campanha toda, para mim só falta um trenó. Se alguém tiver um trenó para me dar, vou achar maravilhoso”, ri Priscila.

A psicóloga diz não saber se vai conseguir manter a iniciativa no próximo ano, mas comemora a possibilidade de as pessoas passarem a enxergar também os idosos. “A terceira idade as pessoas veem como fim da vida. Na verdade não é o fim, é você acumulando experiências. Meu fim poderia ser hoje, com 25 anos. Ou não, com 100. Que fim é esse que as pessoas pensam?”, questiona.

A jovem afirma ainda que as doações continuam bem-vindas, especialmente de fraldas geriátricas, carne, produtos de limpeza e desodorante. Os itens costumam fazer falta no restante do ano.

“Idosos não se resumem apenas a doenças e depreciação. Na verdade, não. A gente está entrando em uma geração em que as pessoas se cuidam muito para ter um envelhecimento saudável. A gente tem investimento em tecnologia, em pesquisa, para que a gente tenha uma saúde muito boa. Os idosos de hoje não tiveram tanto esse auxílio, essa educação em saúde como a gente tem”, conclui.

 

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