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Jovens de 16 a 24 anos têm dificuldade de conseguir emprego no DF

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Falta de experiência e cenário de crise têm prejudicado esse grupo, principalmente quem tem baixa escolaridade

A cada três jovens entre 16 e 24 anos, um ainda não encontrou a primeira colocação no mercado de trabalho no DF. E o quadro tem piorado nos últimos tempos. Enquanto em setembro o índice de desempregados nessa faixa etária era de 31,3%, em outubro, passou para 31,8% — variação mensal de 1,6%. Os dados que constam da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) revelam a dificuldade de quem tenta um posto ainda sem experiência profissional. O desafio aumenta na medida em que diminui o grau de escolaridade. Entre os jovens com ensino fundamental incompleto, quase metade está fora do mercado. Nos últimos seis meses, o desemprego nesse grupo chega a 47%, quase 17 pontos percentuais acima da média de desempregados entre 16 a 24 anos que ficou em 30,1%. Já o índice de jovens com ensino superior completo fora do mercado atinge 17%.

Aluno do 3º semestre de design na Universidade de Brasília (UnB), Rodrigo Coelho, 19 anos, tenta um estágio desde o início do ano, mas não consegue nenhuma oportunidade. “Nessa crise, as vagas diminuíram. As empresas reduziram as ofertas”, lamenta. Para o universitário, o cenário assusta. “Essa realidade prejudica muito, porque o estágio é o começo da vida profissional e conta como experiência”, desabafa.

Segundo o presidente da Codeplan, Lúcio Rennó, as causas do alto índice de desemprego entre os jovens podem ser baixa experiência do público que procura trabalho, pequeno grau de escolaridade e falta de qualificação profissional. Rennó destaca que, desde o início do estudo da PED, em 1992, a taxa de desemprego do jovem é superior à da população em geral. Além disso, a falta de ocupação profissional dos jovens que moram em regiões com renda média mais baixa, definida como grupo 3 na pesquisa, é mais alta que em outras de renda maior. Mas a crise piora o quadro.

A pesquisa mostra que 32% das pessoas entre 16 e 24 anos de Brazlândia, Ceilândia, Samambaia, Paranoá, São Sebastião, Santa Maria e Recanto das Emas estão fora do mercado de trabalho. O número é quatro pontos percentuais mais alto do que os jovens desempregados do Plano Piloto, e dos lagos Norte e Sul, que se somam 28,5%.

Para Rennó, alternativas para diminuir essa realidade devem ser atuação governamental que gere empregos e estimule a contratação de jovens, além de programas de capacitação orientados por um mapeamento de mercado de trabalho que poderia auxiliar no processo de capacitação. “No DF, ocorrem problemas relacionados a incentivo para contratação de jovens. Ainda não existe uma política consolidada que estimule o primeiro emprego. São necessários mecanismos para incentivos fiscais para quem se empregassem mais os jovens, ressalta.

Oportunidades
Aluno do 4º semestre de estatística, Alexandre Teixeira, 19, já deu aulas particulares, mas ainda não conseguiu uma oportunidade formal. “Em estatística, quando se consegue um estágio é para mexer com planilha de Excel, ou seja, não tem muito a ver com a área. O estagiário é a mão de obra mais barata e, por isso, acaba sendo o ‘office boy’ ”, lamenta.

O secretário adjunto do Trabalho, Thiago Jarjour, argumenta que tanto o comércio e a indústria como o setor varejista estão em fase de encolhimento e as vagas de emprego começaram a ficar escassas. “O mercado competitivo começa a ser seletivo. Os empregadores buscam pessoas com mais experiência. Aí é onde o jovem perde”, considera.

Segundo Jarjour, áreas como tecnologia da informação (TI) e comunicação têm uma entrada expressiva do jovem por causa das habilidades. “Acredito que na época de crise surgem as oportunidades que podem criar uma cultura empreendedora dos jovens”, defende.

Bruna Santos, 23 anos, está prestes a se formar em letras na UnB e começou a se preocupar com o futuro. A universitária não estagiou em razão da grade horária da universidade. Mas ainda está otimista. “Vou atrás das oportunidades. Independentemente da crise, as pessoas precisam se especializar e um curso de línguas ajuda”, acredita.

Professor do departamento de economia da UnB, Carlos Alberto Ramos explica que em quase todos os países a taxa de desemprego entre jovens é maior do que a da população adulta. Ele esclarece que são muitas as diferenças. “O público jovem tem dificuldade de transitar entre o universo escolar e o mercado de trabalho. Muitos enfrentam problema de formação e expectativa. Em uma situação de crise como a que o Brasil atravessa, esse problema se acentua”, ressalta.

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