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Juros caem com melhora nas expectativas de inflação e cenário político

Tendo como cenário a queda do dólar, a curva a termo mostrou diminuição nos vértices intermediários e longos na sessão desta segunda-feira (25). O fechamento das taxas refletiu principalmente o avanço nas expectativas inflacionárias para o horizonte relevante da política monetária, um movimento que o mercado avalia como bastante positivo. Declarações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre a possibilidade de disputar as eleições presidenciais de 2026 também contribuíram para a moderação da curva.
Ao final do dia, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 caiu de 13,956% no ajuste da sexta-feira para 13,9%. O DI para janeiro de 2028 reduziu de 13,289% para 13,215%. O DI para janeiro de 2029 baixou de 13,268% para 13,19%, e o DI para janeiro de 2031 atingiu 13,55%, ante 13,625% anteriormente.
O boletim Focus sinalizou um alívio significativo nas expectativas dos analistas para o IPCA. A mudança mais relevante foi na mediana das projeções para 2027, que caiu de 4,00% para 3,97% após 26 semanas de estabilidade. O Banco Central tem destacado constantemente a preocupação com o nível destas projeções, e a melhora consistente desses números pode favorecer uma redução da taxa Selic.
Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG, destaca que apesar da pequena magnitude, a queda de 0,03 ponto percentual na mediana para 2027 é um sinal positivo. Ele explica que o Banco Central monitora a desancoragem das expectativas inflacionárias, pois quanto mais duradoura, maior o custo para a política monetária em seu combate. Se as expectativas seguirem em queda, o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá iniciar um ciclo de cortes da Selic, com o mercado começando a sentir que a inflação pode surpreender para baixo.
Segundo a curva de juros futuros, as probabilidades de corte na reunião de dezembro mantêm-se entre 40% e 45%, sem mudanças relevantes comparado à última sexta-feira. A maioria das apostas, cerca de 90%, está concentrada em janeiro.
Cristiano Oliveira, diretor de pesquisa econômica do banco Pine, ressaltou que a mediana das previsões para o IPCA de 2025 caiu pela 13ª semana consecutiva, de 4,95% para 4,86%. Para 2026, o consenso de mercado recuou de 4,40% para 4,33%. Para 2028, as projeções permaneceram estáveis em 3,8%. O boletim também indicou redução nas estimativas para a alta do IGP-M, de 1,13% para 1,04% para este ano, e de 4,32% para 4,27% para o próximo. No cenário do Pine, o Copom deve iniciar o ciclo de cortes da taxa básica em dezembro. “Mantemos essa expectativa. O Banco Central terá condições técnicas para iniciar os cortes no final deste ano”, afirmou.
Durante a manhã, as taxas DI atingiram mínimas intradiárias quando Tarcísio de Freitas participou de um evento da Esfera Brasil, onde afirmou ser necessário debater um projeto para o País. Entre os temas mencionados estão a questão fiscal, inovação e segurança pública.
Nesta terça-feira, 26, o mercado acompanha a prévia da inflação oficial. A mediana das estimativas de 28 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast indica que o IPCA-15 deverá registrar deflação de 0,21% em agosto, após aumento de 0,33% em julho. Essa será a primeira queda mensal desde julho de 2023, apontando para uma influência de fatores pontuais.

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