Economia
Juros longos e médios sobem apesar do cenário externo
Os juros futuros apresentaram movimento contrário ao alívio observado no exterior — onde os rendimentos dos Treasuries diminuíram — durante a segunda parte do pregão desta quarta-feira. Os vencimentos de curto prazo permaneceram estáveis, enquanto os intermediários e longos tiveram tendência de alta.
Com uma agenda econômica sem novidades, o mercado reagiu aos recentes desenrolos da disputa comercial com os Estados Unidos, assim como aos possíveis efeitos dessa situação nas eleições nacionais, que parecem favorecer o presidente Lula.
Nos fechamentos, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 variou de 14,939% no ajuste anterior para 14,940%. O DI de janeiro de 2027 permaneceu estável em 14,355%.
O DI de janeiro de 2028 subiu para 13,760%, partindo de 13,722% no ajuste anterior, enquanto o contrato para o primeiro mês de 2029 avançou de 13,631% para 13,700%.
Em um novo capítulo da ofensiva comercial dos EUA, o Departamento de Comércio americano iniciou uma ampla investigação sobre as estratégias comerciais brasileiras, o que pode complicar ainda mais as negociações para reduzir a tarifa de 50% já imposta sobre produtos brasileiros.
Segundo Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, os ativos nacionais serão afetados negativamente pela investigação, indicando que as negociações entre os governos do Brasil e dos EUA devem se estender, aumentando as incertezas.
Luciano Rostagno, sócio e estrategista-chefe da EPS Investimentos, aponta que a maior volatilidade causada pelas atitudes imprevisíveis do presidente Donald Trump adiciona um prêmio de risco à curva de juros local.
Além disso, o confronto entre o governo americano e o Brasil também influenciou o cenário eleitoral de 2026, já que a postura firme do governo Lula parece ter fortalecido sua popularidade, refletida nas últimas pesquisas para o próximo pleito.
“A questão envolvendo Trump e os benefícios políticos que Lula está obtendo com a reação às tarifas estão impactando o mercado”, comenta Rostagno. “Com Lula ganhando apoio devido ao conflito pós-taxação, aumentam as chances de sua reeleição e, consequentemente, cresce a percepção de risco fiscal no médio e longo prazo.”

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