Economia
Juros médios anuais atingem 31,4% em julho

Em julho deste ano, as taxas médias de juros permaneceram quase inalteradas. Considerando todas as modalidades de crédito – tanto livre quanto direcionado, para famílias e empresas – a taxa anual alcançou 31,4%, apresentando uma leve queda de 0,2 pontos percentuais (p.p.) no mês.
Apesar disso, o índice continua elevado, com um aumento de 3,6 p.p. nos últimos 12 meses, conforme dados das Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgados pelo Banco Central (BC) em 27 de julho.
Esse cenário acompanha a elevação da taxa básica de juros da economia, a Selic, que permanece em 15% ao ano, conforme decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. A Selic é o principal mecanismo para controlar a inflação.
O Banco Central justifica a manutenção da Selic em níveis altos para conter a demanda e controlar a inflação. Juros elevados encarecem o crédito, favorecendo a poupança e reduzindo o consumo, o que contribui para a queda dos preços. A próxima reunião do Copom está marcada para setembro, e a expectativa é que a taxa básica permaneça em 15% ao ano até o final de 2025.
Estabilidade no spread bancário
O spread bancário, que representa a diferença entre o custo dos recursos captados pelos bancos e as taxas cobradas dos clientes, também se manteve estável, situando-se em 20,3 p.p., com leve retração de 0,2 p.p. no mês e aumento de 1,7 p.p. em 12 meses.
Crédito livre para famílias e empresas
Entre as novas operações de crédito para famílias, a taxa média de juros livres caiu 0,7 p.p. no mês, ficando em 57,7% ao ano, porém subiu 5,5 p.p. em 12 meses. Destaque para a queda de 4 p.p. no crédito pessoal não consignado e de 0,8 p.p. no cartão de crédito parcelado. Entretanto, o juro do cartão de crédito rotativo aumentou 6,1 p.p. no mês, atingindo 446,6% ao ano, uma das maiores taxas do mercado.
Nas contratações para empresas, a taxa média do crédito livre subiu 0,7 p.p. no mês, chegando a 25% ao ano, com alta acumulada de 3,9 p.p. em 12 meses.
Crédito direcionado
O crédito direcionado, que tem regras estipuladas pelo governo e é destinado principalmente aos setores habitacional, rural, infraestrutura e microcrédito, apresentou taxa de 11,2% ao ano para pessoas físicas em julho, com leve alta de 0,1 p.p. em relação ao mês anterior e aumento de 1 p.p. em 12 meses.
Para as empresas, essa taxa caiu 0,5 p.p. no mês, mas subiu 2,2 p.p. em 12 meses, totalizando 13,6% ao ano.
Saldos e concessão de crédito
Em julho, o volume de crédito concedido somou R$ 644,1 bilhões. Ajustando sazonalmente, houve uma queda de 0,3% no mês, com redução de 2% nas operações para pessoas jurídicas e aumento de 2,5% nas operações para famílias.
No acumulado de 12 meses, as concessões cresceram 12,3%, sendo 9% nas operações com empresas e 15,9% com pessoas físicas.
O estoque total de empréstimos no Sistema Financeiro Nacional atingiu R$ 6,715 trilhões, crescendo 0,4% em relação a julho. Este resultado foi puxado pelo aumento de 0,6% no crédito às famílias, que alcançou R$ 4,173 trilhões, compensado parcialmente pela queda de 0,1% no crédito às empresas, totalizando R$ 2,542 trilhões.
O crédito ampliado ao setor não financeiro, abrangendo empresas, famílias e governos, independente da fonte, chegou a R$ 19,527 trilhões, com aumento de 0,9% no mês. Esse crescimento foi impulsionado pelos acréscimos nos títulos públicos de dívida (0,7%), empréstimos do Sistema Financeiro Nacional (0,4%) e empréstimos externos (2,3%), estes últimos influenciados pela desvalorização cambial de 2,66% no período.
Em um ano, o crédito ampliado cresceu 10,5%, com destaque para os títulos públicos (11,7%), empréstimos do SFN (10,1%) e títulos privados (18,5%).
Endividamento e inadimplência das famílias
De acordo com o Banco Central, a inadimplência (atrasos superiores a 90 dias) permanece estável, com pequenas variações, registrando 3,8% em julho. Para pessoas físicas, o índice é de 4,5% e, para pessoas jurídicas, 2,5%.
O endividamento das famílias, que mede a relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses, ficou em 48,7% em junho, uma redução de 0,2% em relação ao mês anterior e aumento de 1% em um ano. Excluindo o financiamento imobiliário, que representa uma parte significativa da renda, o endividamento caiu para 30,5% em junho.
Já o comprometimento da renda, indicador que mostra a proporção da renda média destinada ao pagamento das dívidas, situou-se em 27,6% em junho, uma queda de 0,1% no mês, mas alta de 1,3% em 12 meses.
Esses indicadores são apresentados com defasagem, pois são baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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