Tecnologia
Justiça decide que Google operou monopólio ilegal de anúncios digitais

De acordo com a decisão, a unidade da Alphabet violou as leis antitruste nos mercados de bolsas de anúncios (ad exchanges) e nas ferramentas utilizadas por sites para vender espaços publicitários
Por Agência O Globo
O Google agiu ilegalmente para manter um monopólio em parte da tecnologia de publicidade on-line, decidiu nesta quinta-feira a juíza Leonie Brinkema, do Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Leste da Virgínia, atingindo uma área crucial dos negócios da gigante de busca.
A decisão aumenta os problemas jurídicos que podem remodelar a empresa de US$ 1,88 trilhão e alterar seu poder sobre a internet.
A juíza concluiu que a unidade da Alphabet violou as leis antitruste nos mercados de bolsas de anúncios (ad exchanges) e nas ferramentas utilizadas por sites para vender espaços publicitários, conhecidas como servidores de anúncios (ad servers).
No entanto, ela afirmou que a empresa não se enquadrou na definição de monopólio em um terceiro mercado — o de ferramentas usadas por anunciantes para comprar anúncios gráficos (display ads).
Após o anúncio da decisão judicial, as ações da Alphabet registraram queda de 3,2%, enquanto as ações da empresa de tecnologia publicitária Trade Desk subiram quase 8%.
“O Google engajou-se intencionalmente em uma série de ações anticompetitivas para adquirir e manter o poder de monopólio nos mercados de servidores de anúncios para editores e de bolsas de anúncios voltados à publicidade gráfica na web aberta”, escreveu Brinkema em sua decisão de 115 páginas, acrescentando:
“Por mais de uma década, o Google vinculou seu servidor de anúncios para editores à sua bolsa de anúncios por meio de políticas contratuais e integração tecnológica, o que permitiu à empresa estabelecer e proteger seu poder de monopólio nesses dois mercados.”
A juíza afirmou ainda que o Google “consolidou ainda mais seu poder de monopólio ao impor políticas anticompetitivas aos seus clientes e eliminar funcionalidades desejáveis dos produtos.
Além de privar concorrentes da capacidade de competir, essa conduta excludente prejudicou substancialmente os clientes editores do Google, o processo competitivo e, em última instância, os consumidores de informação na web aberta.”
A decisão representa o segundo grande golpe contra a gigante de buscas, que já havia sido considerado culpado de monopolizar o mercado de buscas online em outro processo.
O Departamento de Justiça e um grupo de estados processaram o Google em 2023, alegando que a empresa monopolizou ilegalmente três mercados relacionados à tecnologia de publicidade gráfica online: servidores de anúncios, bolsas e redes.
O caso é um entre vários processos enfrentados pelo Google sobre questões antitruste.
Em outro, o Departamento de Justiça busca obrigar a Alphabet a vender o navegador Chrome, após vencer um julgamento histórico sobre o mercado de buscas.
O julgamento sobre as medidas corretivas nesse caso está marcado para começar na segunda-feira, em Washington.

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