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Justiça pune bolsonaristas por lista de boicote a eleitores rivais em 2022
Os responsáveis pelo grupo de WhatsApp “Patriotas Cafelândia” foram julgados e condenados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) por promover perseguição política durante as eleições de 2022.
Antes do segundo turno, o professor Davoine Francisco Colpani e o dentista Edson Parra Nani Filho compartilharam em um grupo com cerca de 300 membros uma lista que objetivava boicotar pessoas que supostamente não votariam em Jair Bolsonaro (PL). A sentença foi divulgada na última quarta-feira, 30.
De acordo com o processo, a lista incluía pequenos empresários, prestadores de serviço e profissionais liberais rotulados com termos pejorativos como “esquerdopatas”, “malditos” e “traidores”, que deveriam ser excluídos socialmente. O fato ocorreu em Cafelândia, uma cidade do interior paulista com aproximadamente 19 mil habitantes.
Essa lista se propagou para outras redes sociais e até folhetos impressos, com a intenção de identificar e prejudicar eleitores de adversários, prejudicando seus negócios e empregos.
Testemunhos das vítimas e outras pessoas citadas no processo indicam que os membros do grupo eram encorajados a não consumir produtos ou serviços dos eleitores mencionados na lista. Uma das vítimas soube que sua empresa foi classificada como “vermelha” por apoiar o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
O processo afirma: “A divulgação dessa lista causou constrangimentos e riscos à integridade física e mental das vítimas, gerando medo e sofrimento a elas e seus familiares, além de causar prejuízos financeiros decorrentes do boicote promovido pelos acusados.”
Incidentes e ameaças
Uma comerciante, dona de um bar em Cafelândia, relatou que, em outubro de 2022, uma caminhonete azul passou em frente ao seu estabelecimento e uma pequena bomba foi detonada, deixando-a temerosa pela segurança do seu negócio e de sua família.
Após a divulgação da lista, esta comerciante viu seu faturamento cair cerca de 60%. Outro comerciante afirmou ter sido ameaçado por membros do grupo “Patriotas Cafelândia” e recebeu uma proposta para remover seu nome da lista se exibisse a bandeira do Brasil em apoio a Jair Bolsonaro em seu mercado, o que foi recusado. Após o ocorrido, seu movimento comercial caiu significativamente e ainda não se recuperou.
Alterações na rotina e receio de violência física foram citados por várias vítimas, que relataram o medo causado pela influência e ações do grupo, incluindo paralisações em estradas.
Por outro lado, Davoine e Edson negaram serem os responsáveis pelo boicote, embora tenham admitido ter divulgado a lista. Contudo, o desembargador Luís Soares de Mello, relator do processo, rejeitou essa argumentação afirmando que as provas eram suficientes para a condenação.
Quase três anos após as eleições de 2022, ambos foram sentenciados a cumprir pena em regime aberto com suspensão condicional por dois anos, além de indenizar cada vítima com o equivalente a quatro salários mínimos por danos morais. Davoine recebeu pena de um ano e quatro meses e Edson um ano e cinco meses de reclusão.

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