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Khaled el Enany é eleito novo chefe da Unesco

Khaled el Enany, reconhecido egiptólogo, foi escolhido nesta segunda-feira (6) pelo Conselho Executivo da Unesco para ocupar o cargo de diretor-geral da instituição, que enfrenta desafios após os Estados Unidos anunciarem sua saída.
Originário do Egito, El Enany substituirá a francesa Audrey Azoulay, se sua nomeação for confirmada na conferência geral da agência da ONU, marcada para 6 de novembro em Samarcanda, no Uzbequistão. A confirmação da conferência é habitual e ele venceu com 55 votos, enquanto seu concorrente, o economista congolês Firmin Edouard Matoko, recebeu apenas dois, conforme informado pela presidente do Conselho Executivo, Vera el Khoury Lacoeuilhe.
Como ex-ministro do Turismo e das Antiguidades do Egito entre 2016 e 2022, Khaled el Enany deve iniciar suas funções em 14 de novembro, tornando-se o primeiro diretor-geral da Unesco proveniente de um país árabe e o segundo representante africano, sucedendo o senegalês Amadou Mahtar Mbow (1974-1987).
O presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi, manifestou seus votos de sucesso ao novo diretor em comunicado oficial.
Durante a reunião em Paris, El Enany comprometeu-se a trabalhar próximo aos Estados-membros para desenvolver um plano que modernize a Unesco e a prepare para os desafios futuros.
Em sua campanha este ano, ele ressaltou sua vasta experiência prática como pesquisador em egiptologia, diretor do famoso Museu Egípcio do Cairo e ex-ministro. Sua gestão ministerial foi amplamente reconhecida, especialmente em um período difícil para o turismo egípcio, impactado por ataques terroristas e pela pandemia.
Além disso, ele supervisionou a inauguração do Museu Nacional da Civilização Egípcia, que desde 2021 abriga diversas múmias reais, incluindo a de Ramsés II.
Entretanto, seu nome esteve associado em 2020 a controvérsias envolvendo grandes obras urbanísticas na necrópole histórica do Cairo, conhecida como “Cidade dos Mortos”, que geraram críticas devido à remoção de moradores e restos mortais. Na ocasião, o ministério afirmou que não houve destruição de monumentos, apenas a retirada de túmulos recentes.
Despolitizar a Unesco
Com 54 anos, El Enany assumirá uma organização que recentemente enfrentou críticas por politização excessiva. Após a saída de Israel em 2017, a Nicarágua e os Estados Unidos também anunciaram sua retirada, motivadas por divergências políticas e culturais.
A saída dos EUA, prevista para 2026, representa um impacto financeiro e simbólico significativo, pois o país contribuía com 8% do orçamento total da Unesco.
El Enany prometeu esforços para reconquistar a participação americana, algo que sua antecessora conseguiu em 2023 após seis anos de ausência.
Ele deseja tornar os debates na Unesco menos políticos: “Quando uma criança não tem acesso à educação, sua nacionalidade não deve importar”, declarou.
Em entrevista, destacou também o papel crucial da entidade em áreas de conflito como Gaza, Ucrânia e Haiti, atuando contra a destruição da educação, violência contra jornalistas e danos a locais culturais.
Porém, ressaltou que para ser eficaz, a Unesco precisa de recursos financeiros. Entre suas metas estão aumentar contribuições voluntárias de governos e engajar mais empresas e fundações privadas.

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