Economia
Latin NCAP aumenta regras de segurança para carros em 2026
Latin NCAP, programa independente que avalia carros novos na América Latina e Caribe, anunciou nesta sexta-feira (21) uma atualização das regras de segurança que valerá de 1º de janeiro de 2026 até dezembro de 2029.
O blog FMotors acompanhou o anúncio e a coletiva em São Paulo. Conforme o secretário-geral do programa, Alejandro Furas, as mudanças visam elevar o nível mínimo de segurança na região, onde as leis costumam ser menos rígidas que na Europa e nos Estados Unidos.
“Estamos elevando os requisitos porque os consumidores latino-americanos merecem veículos tão seguros quanto os de qualquer parte do mundo”, afirma Furas. “As montadoras já foram avisadas desde 2021 e não podem se surpreender.”
Contudo, parte da indústria acredita que as exigências mais firmes podem aumentar o custo dos carros populares e forçar revisões em plataformas antigas. Algumas fabricantes defendem que avanços em segurança devem ter incentivos governamentais e regras claras, especialmente em países com muitos veículos de entrada.
Testes mais rigorosos para adultos
Os testes de impacto lateral e contra postes serão mais severos. O Latin NCAP adotará um manequim mais avançado (WSID) e aumentará velocidades e peso das barreiras de impacto.
“O novo dummy permite identificar danos antes não detectados”, explica Furas.
A segurança dos passageiros no banco traseiro terá atenção especial, com avaliações de lesões cervicais e melhorias nos sistemas de retenção. Veículos mais altos terão testes adicionais de resistência do teto em capotamentos.
Após o acidente, dificuldade no resgate e liberação dos cintos serão penalizadas. Sistemas como o eCall poderão gerar pontos extras.
Proteção para crianças maiores
Em 2026, a proteção a crianças de até 10 anos será avaliada em impactos frontais e laterais para ampliar a segurança dos passageiros maiores que ainda são vulneráveis.
“Agora é preciso olhar para crianças maiores, que continuam expostas nos bancos traseiros”, diz Furas.
Falta de ISOFIX, i-Size ou incapacidade de desligar o airbag frontal reduzirá a pontuação. Sistemas de detecção de crianças no veículo contarão pontos positivos.
Mais segurança para pedestres e ciclistas
O protocolo aumenta as exigências para proteção de pedestres e ciclistas, incluindo testes noturnos de frenagem automática de emergência (AEB).
“A tecnologia já existe e queremos que esteja disponível nos carros da região”, afirma Furas.
Testes de manobra de emergência, detecção de ponto cego, assistente de faixa e frenagens em diferentes velocidades terão cenários mais complexos. Carros sem limitador de velocidade ou aviso de velocidade máxima não alcançarão as maiores notas.
Avaliação final considera o ponto mais fraco
O Latin NCAP manterá o critério de que a pior área do veículo define a classificação final.
“Segurança completa é o mínimo esperado”, reforça Furas.
Divergências com fabricantes
Furas reconhece que nem todas as fabricantes concordam com os resultados, especialmente quando recebem notas baixas em testes não exigidos por lei no país de origem.
“É natural que algumas marcas fiquem desconfortáveis, mas nosso compromisso é a segurança”, diz ele.
Fabricantes frequentemente argumentam que os testes adicionais nem sempre refletem a realidade dos mercados emergentes e que as plataformas globais precisam de adaptações econômicas. Também pedem regras estáveis para facilitar investimentos.
O Latin NCAP destaca que vídeos, relatórios e justificativas técnicas são públicos.
“Os dados são objetivos. Se uma montadora discorda, pode apresentar argumentos, mas seguimos padrões globais”, pontua Furas.
Financiamento e independência
Segundo Furas, o Latin NCAP não recebe dinheiro das montadoras para realizar os testes. O programa é financiado por entidades internacionais, organizações de defesa do consumidor e parceiros.
“Não recebemos um centavo das montadoras, garantindo imparcialidade”, afirma.
Os veículos usados são comprados anonimamente em concessionárias e avaliados por laboratórios credenciados seguindo os padrões internacionais.
“O carro é adquirido como qualquer consumidor faria e testado sem influência das fabricantes”, conclui.

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