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Líder australiano promete acabar com o ódio após ataque em Sydney
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, prometeu nesta quinta-feira (18) tomar medidas firmes contra o extremismo, enquanto o país se despedia de Matilda, de apenas 10 anos, a vítima mais jovem do ataque antissemita ocorrido no último domingo em Sydney.
Um pai e seu filho, Sajid e Naveed Akram, são acusados de abrir fogo durante a celebração judaica de Hanukkah na popular praia de Bondi, um ataque que resultou em 15 mortos e dezenas de feridos.
As autoridades afirmam que o atentado foi motivado pela ideologia do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Albanese anunciou hoje uma ação ampla para eliminar “o mal do antissemitismo em nossa sociedade”.
“Os australianos estão chocados e indignados. Eu também estou furioso. Está claro que precisamos agir com mais intensidade para combater esse mal”, afirmou.
As medidas propostas incluem novas regras para perseguir pregadores extremistas e negar ou cancelar vistos de quem promove o ódio e a divisão.
De acordo com a emissora pública ABC, Naveed Akram, de 24 anos, seguia um pregador pró-jihad residente em Sydney.
A Austrália também planeja criar uma lista para organizações cujos líderes fazem discursos de ódio, disse o primeiro-ministro.
Além disso, insultos graves baseados na origem étnica ou a promoção da supremacia racial serão considerados crimes federais.
Enquanto Albanese falava, familiares e amigos acompanhavam o funeral de Matilda, a vítima mais jovem do ataque.
O rabino que conduziu o serviço fúnebre falou emocionado sobre a menina: “Matilda era nosso pequeno raio de sol, a criança mais gentil, carinhosa e compassiva, que iluminava o dia de todos com seu sorriso contagiante”.
Familiares e amigos vestiam preto e carregavam lírios, enquanto outros seguravam balões com imagens de abelhas, apelido carinhoso dado a Matilda.
Fotos tiradas pouco antes do ataque mostravam a menina brincando em um zoológico interativo e sorrindo com o rosto pintado.
A família de Matilda, que pediu que seu sobrenome não fosse divulgado, veio da Ucrânia para a Austrália antes da invasão russa.
“Não consigo imaginar perder minha filha aqui. É um pesadelo”, disse a mãe, Valentyna, antes do funeral.
O pai, Michael, explicou que escolheram o nome da filha em homenagem à Austrália, onde a canção popular “Waltzing Matilda” é considerada um hino não oficial.
“Viemos da Ucrânia e Matilda foi nossa primeira filha nascida aqui na Austrália. Pensei que esse era o nome mais australiano possível. Então, lembrem-se do nome dela”.
O atirador mais velho, Sajid, 50 anos, morreu em confronto com a polícia, mas seu filho, Naveed, 24 anos, foi preso.
Naveed, desempregado e pedreiro, foi acusado de 15 homicídios, ato terrorista e outros crimes graves.
A polícia investiga se pai e filho se encontraram com extremistas islâmicos durante uma viagem às Filipinas semanas antes do ataque. Funcionários do hotel em Davao, na ilha de Mindanao, relataram que eles quase não deixaram o quarto.
A recepcionista Angelica Ytang disse que, ao contrário de outros estrangeiros, eles não eram acessíveis.
O governo filipino afirmou não haver provas de uso do país para treinamento de terroristas.
O ataque reacendeu críticas sobre a falta de medidas da Austrália para combater o antissemitismo.
“Estamos em um momento crucial”, declarou Jillian Segal, representante do governo na questão. “Não só para nossa comunidade, mas para o combate ao antissemitismo globalmente”.
As autoridades concordaram em reforçar as leis relacionadas à posse de armas, que permitiram a Sajid Akram possuir seis armas.
O atentado na praia de Bondi foi o tiroteio em massa com maior número de vítimas no país desde 1996, quando 35 pessoas foram mortas no massacre de Port Arthur.


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