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Líderes mundiais se reúnem na Cúpula da Paz para a Ucrânia na Suíça
Mais de 100 países participam do encontro organizado pelo governo suíço com apoio ucraniano; Rússia não foi convidada
Líderes mundiais se reuniram em um resort de montanha na Suíça, neste sábado (15), para tentar atrair apoio para as propostas de paz da Ucrânia.
A cúpula não será atendida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden – que enviou a vice Kamala Harris para representá-lo – foi rejeitada pela China e considerada “uma perda de tempo” por Moscou.
O presidente brasileiro Lula foi convidado para o evento, mas recusou, alegando que nenhuma cúpula conseguirá chegar à paz sem o envolvimento dos russos na mesa de negociações.
Mais de 100 países participarão, mas a ausência da China, em particular, diminuiu as esperanças de que a cúpula deixaria a Rússia globalmente isolada, enquanto os recentes reveses militares colocaram Kiev em desvantagem.
A guerra em Gaza entre Israel e o Hamas também desviou a atenção do mundo da Ucrânia.
Espera-se que as discussões se concentrem em preocupações mais amplas desencadeadas pela guerra, como a segurança alimentar e nuclear, e um rascunho da declaração final que identifica a Rússia como o agressor, disseram fontes.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, considerou a ampla participação na reunião como um sucesso e disse que os acordos do encontro fariam parte do processo de pacificação.
“A Ucrânia nunca quis esta guerra. É uma agressão criminosa e absolutamente não provocada por parte da Rússia”, disse o presidente ucraniano ao lado da presidente suíça, Viola Amherd.
Amherd afirmou que o conflito trouxe “sofrimento inimaginável” e violou o direito internacional.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, considerou a reunião um passo importante. “Muitas questões de paz e segurança serão discutidas, mas não as maiores. Esse sempre foi o plano”, disse o político alemão, em declarações à Welt TV.
“Esta é uma planta pequena que precisa ser regada, mas claro também com a perspectiva de que dela possa sair mais.”, acrescentou o chanceler da Alemanha.
Biden enviou a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, para representá-lo enquanto o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, será representado pelo seu ministro das Relações Exteriores. A Índia enviou uma delegação de nível inferior para o evento. Pequim está afastada depois que a Rússia foi excluída do processo.
Harris anunciou mais de 1,5 mil milhões de dólares em energia e ajuda humanitária para a Ucrânia, onde a infraestrutura foi atingida por ataques aéreos russos desde a invasão de 2022.
Um helicóptero militar sobrevoou o luxuoso resort Buergenstock, no centro da Suíça, com vista para o Lago Lucerna, neste sábado (15), enquanto os líderes chegavam de helicóptero no local.
Na véspera da Cúpula da Paz, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que a Rússia só terminaria a guerra se Kiev concordasse em abandonar as suas ambições na Otan e entregar quatro províncias reivindicadas por Moscou – exigências que Kiev rapidamente rejeitou como equivalentes à rendição.
As condições de Putin aparentemente refletiram a confiança crescente de Moscou de que as suas forças têm a vantagem na guerra.
O chanceler da Alemanha considerou a resposta russa como uma tentativa de gerar tumulto.
“Todo mundo sabe que esta não é uma proposta séria, mas tem algo a ver com a conferência de paz na Suíça”, disse o alemão em entrevista.
A Suíça, neutra, que participou na cúpula a pedido de Zelensky, quer preparar o caminho para um futuro processo de paz que inclua a Rússia.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que a proposta de Putin “mostrou o verdadeiro caminho para a paz”.
“Se você quer salvar o mundo, discuta a proposta de Vladimir Putin… Somente aqueles que não querem a paz não podem ver, não podem entendê-la”, disse a porta-voz, segundo a agência de notícias TASS.
China e Rússia
Zelensky acusou Pequim de ajudar Moscou a minar a reunião, acusação negada pelo Ministério das Relações Exteriores da China.
“A cúpula corre o risco de mostrar os limites da diplomacia ucraniana”, disse Richard Gowan, diretor da ONU no Grupo de Crise Internacional.
Os líderes da França, Alemanha, Itália, Grã-Bretanha, Canadá e Japão estão entre os que comparecerão. A Turquia e a Hungria, que mantêm laços mais amigáveis com a Rússia, também deverão aderir.
As autoridades europeias admitem, reservadamente, que sem o apoio dos principais aliados de Moscou, o impacto da reunião será limitado.
“O que (Zelensky) pode esperar disso?” disse Daniel Woker, ex-embaixador suíço. “Mais um pequeno passo em frente na solidariedade internacional com a Ucrânia.”
Os apoiantes da Ucrânia estão marcando as conversações com uma série de eventos na cidade vizinha de Lucerna para chamar a atenção para os custos humanitários da guerra, com uma manifestação planeada para apelar ao regresso dos prisioneiros e das crianças levadas para a Rússia.
“Apego-me à ideia de que o meu marido ainda está vivo”, disse Svitlana Bilous, esposa de um soldado desaparecido há mais de 14 meses.
“Isso é o que me faz continuar”, acrescentou a ucraniana.
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