Limite de aquecimento global de 1,5°C dificilmente será atingido, alerta Guterres

António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), declarou que o planeta dificilmente conterá o aumento da temperatura abaixo de 1,5 grau Celsius nos próximos anos.

Durante um evento comemorativo dos 75 anos da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), realizado em Genebra, Suíça, Guterres ressaltou que o cenário não está completamente perdido, desde que sejam adotadas medidas rigorosas para combater as mudanças climáticas.

O limite de 1,5°C acima das temperaturas médias pré-industriais é crucial para evitar impactos sérios das alterações climáticas. Superar esse limite pode levar a um ponto irreversível para o meio ambiente.

Para manter o aquecimento até esse nível, é necessário reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 57% até 2035, conforme o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

O acordo de Paris, firmado em 2015, estabeleceu a meta de manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2°C e, se possível, limitar a 1,5°C. Atualmente, os países se preparam para renovar seus compromissos na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em Belém no próximo mês.

Guterres afirmou que a ultrapassagem desse limite é inevitável nos próximos anos, e que experimentaremos períodos acima de 1,5 grau, com diferentes intensidades.

No entanto, ele esclareceu que não estamos condenados, e que é possível, com uma mudança profunda de atitude global, antecipar o alcance do equilíbrio e até superar a marca de zero emissões líquidas, chegando a reduções que possam permitir baixar as temperaturas no futuro.

O líder da ONU destacou também a importância de soluções e recursos financeiros. Para isso, solicitou compromissos ambiciosos e um plano que mobilize US$ 1,3 trilhão ao ano para os países em desenvolvimento até 2035.

Guterres alertou que as consequências do aquecimento são graves, incluindo eventos extremos como incêndios, enchentes e ondas de calor, que mais afetam as populações pobres e vulneráveis.

Além disso, ressaltou que a ciência e a economia estão alinhadas para apoiar essa meta e mencionou os sistemas de alerta precoce como ferramentas essenciais para reduzir danos causados por desastres naturais, com a meta da OMM de implementar esses sistemas globalmente até 2027.

Esses sistemas, explicou, podem baixar as mortes relacionadas a desastres em seis vezes e reduzir prejuízos em até 30% mesmo com 24 horas de aviso prévio.

Por fim, Guterres reforçou o compromisso de continuar unindo esforços para, com base na ciência, realizar ações que tragam justiça social e ambiental para o planeta.