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Livro sobre orixás causa polêmica em escola de São Paulo
A escritora Liu Olivina, autora do livro que inspirou uma atividade escolar sobre orixás, demonstrou tristeza após a Polícia Militar ser acionada por um pai de aluna que não concordou com o desenho de sua filha, de apenas 4 anos, retratando a orixá Iansã, na Escola Municipal de Ensino Infantil Antônio Bento, localizada no bairro Caxingui, em São Paulo.
O incidente ocorreu no dia 12 de novembro, quando quatro policiais militares armados entraram na escola por causa da denúncia feita pelo homem, que também havia rasgado um mural com desenhos das crianças no dia anterior. A obra utilizada na atividade é “Ciranda em Aruanda”, lançada pela Editora Quatro Cantos em 2021, que apresenta desenhos e informações sobre dez orixás.
Liu Olivina expressou sua indignação, ressaltando o impacto negativo para a criança e para os educadores, e destacou que a política de intolerância religiosa, principalmente contra religiões de matriz africana, ainda persiste no país. Segundo ela, o preconceito associado ao racismo religioso é o que motiva atitudes como essa, pois não há relatos de intervenção policial em escolas por motivos relacionados a outras religiões.
A direção do colégio tentou mediar a situação, convidando o pai para uma reunião do Conselho da Escola, proposta que não foi aceita, de modo que a PM foi novamente acionada. Testemunhas qualificaram a abordagem policial como hostil.
O livro “Ciranda em Aruanda” faz parte do acervo oficial da rede municipal de São Paulo e possui recomendações de diversas instituições literárias e educacionais. A autora ressaltou que a intenção da obra é informar e dar representatividade às crianças de terreiro presentes nas escolas. Ela também compartilhou a importância da atividade para mostrar às crianças a diversidade cultural e religiosa do Brasil, contribuindo para a diminuição do preconceito.
Após o ocorrido, moradores da região organizaram um abaixo-assinado solicitando investigação das ações policiais e defesa do trabalho dos profissionais da escola. O documento já conta com várias centenas de assinaturas que pedem punições cabíveis para abusos de autoridade e violação dos direitos das crianças.
A Prefeitura de São Paulo afirmou que o pai foi informado sobre a natureza pedagógica da atividade, que integra o currículo oficial de ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena. A Secretaria da Segurança Pública declarou que a Corregedoria da PM está disponível para apurar qualquer denúncia relacionada à conduta dos policiais envolvidos.
Liu Olivina finalizou destacando o poder transformador da literatura para encantar crianças e fomentar mudanças sociais, refletindo sobre o impacto e alcance inesperados de sua obra nas escolas.

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