Economia
Lula afirma que conexão de Roraima ao SIN impulsiona economia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve presente nesta quarta-feira (10) para acompanhar o início dos testes de energização da linha de transmissão que liga Manaus (AM) a Boa Vista (RR).
Esse marco simboliza o começo da integração eletroenergética de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo o último estado a se conectar ao sistema.
Essa interligação proporcionará maior qualidade e segurança no fornecimento de energia, com menos quedas e interrupções para a população.
Durante o evento realizado na sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em Brasília, Lula destacou que Roraima agora possui condições favoráveis para acelerar seu crescimento econômico.
“Estamos restaurando a cidadania de Boa Vista. Os empresários interessados em investir encontrarão aqui uma chance excepcional de comércio com o Suriname, Guiana, Trinidad e Tobago e o Caribe”, ressaltou Lula, mencionando que o estado poderá dispor de três vezes mais energia do que atualmente consome.
“Roraima poderá desenvolver um comércio forte com o Caribe, não apenas em alimentos, mas também em produtos industrializados. Isso significa que os empresários que desejam abrir fábricas para exportar para o Caribe ou para o centro-sul do Brasil têm agora a infraestrutura necessária”, acrescentou.
Desde 2001, a energia de Roraima era fornecida pela Venezuela, através de uma linha inaugurada pelos ex-presidentes Hugo Chávez e Fernando Henrique Cardoso. No entanto, em março de 2019, a Venezuela interrompeu o fornecimento, ficando o estado dependente somente das usinas termelétricas a gás e óleo diesel, que recebem diariamente cerca de 120 caminhões-tanque entre Manaus e Boa Vista.
A conclusão da linha de transmissão reduzirá o consumo de combustíveis fósseis na região, gerando uma economia superior a R$ 600 milhões por ano nos custos, valor que atualmente é financiado pelos consumidores na tarifa de energia.
Além disso, a nova infraestrutura diminuirá em mais de 1 milhão de toneladas ao ano a emissão de gases de efeito estufa, pois as usinas termelétricas locais serão desativadas.
O projeto envolve 724 quilômetros de linhas de transmissão e três subestações: Lechuga, no Amazonas; Equador; e Boa Vista, em Roraima. O investimento totaliza R$ 2,6 bilhões.
No evento, o presidente Lula reforçou a capacidade do Brasil em superar desafios. “Estamos mostrando que o Brasil é competente, resiliente e capaz”, afirmou, defendendo a integração elétrica em toda a América do Sul.
“Acreditamos que um sistema como esse pode ser um modelo global. Quando os presidentes da América do Sul reconhecerem sua importância, poderemos interligar todo o potencial hídrico da região, fazendo com que nenhum país sofra falta de energia, pois será possível transferir energia conforme a necessidade”, explicou.
Ele ainda destacou que, embora essa integração ainda demande tempo, é fundamental que governantes compreendam o benefício de compartilhar tecnologias e soluções bem-sucedidas para o bem-estar das populações da região.
De acordo com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, projetos para interligar outros países sul-americanos estão em andamento, incluindo uma nova conexão com a Hidrelétrica de Guri na Venezuela.
Essa linha Manaus-Boa Vista também poderá transmitir energia no sentido inverso, da Venezuela e de futuras usinas hidrelétricas de Roraima, para o SIN.
Silveira explicou que a linha possui capacidade para transmitir 1 gigawatt.
“Estamos interligados ao Paraguai pela usina Itaipu, à Argentina e ao Uruguai”, detalhou. “A linha Manaus-Boa Vista pode trazer os 750 megawatts restantes de Guri para o Brasil, já que inicialmente carregará energia do Brasil para Roraima, mas futuramente também poderá levar energia da Venezuela e da Guiana.
Apesar de começar a operar com 250 megawatts, a linha poderá transportar até 1 gigawatt, utilizando energia muito mais barata do que a produzida atualmente por usinas térmicas a óleo”, completou.
A construção da linha foi licitada em 2011, com previsão inicial de operação em 2015, mas enfrentou entraves ambientais e questionamentos contratuais.
A obra, iniciada em 2021, está sob responsabilidade da concessionária Transnorte Energia, uma parceria entre a estatal Eletronorte e a empresa Alupar, vencedoras da concessão do linhão.

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