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Lula afirma que países da Amazônia resolvem seus problemas sem ajuda externa

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quarta-feira (9) que as nações amazônicas não necessitam de interferências estrangeiras para combater o crime organizado na região. Ele destacou que a “força da lei” será reforçada com a presença efetiva do Estado na inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), instalado em Manaus (AM).

O CCPI, que funciona desde junho, é destinado ao enfrentamento de crimes transnacionais que impactam a Amazônia, promovendo uma articulação conjunta entre as forças de segurança do Brasil e dos países vizinhos.

“Não existem territórios desprotegidos; onde o Estado não atua, o crime se instala. Nossa missão é restabelecer a força da lei por meio da presença do Estado. É esse o papel que representa este centro”, afirmou Lula durante a cerimônia, ao lado do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e outras autoridades nacionais e internacionais da região.

O presidente citou ações dos Estados Unidos, que enviaram navios de guerra para a costa da Venezuela sob a justificativa de combate ao tráfico de drogas, qualificando isso como um pretexto para intervenções nos países da Amazônia.

“Pela primeira vez na história da Amazônia, diversos atores se reúnem fisicamente para buscar um objetivo comum. Não precisamos de interferência externa nem de ameaças à nossa soberania. Somos capazes de liderar nossas próprias soluções. As palavras-chave são: integração e cooperação”, reforçou o presidente.

Segundo Lula, a proteção ambiental é indissociável do enfrentamento ao crime organizado, cujas atividades ilícitas incluem garimpo ilegal e desmatamento. “Para combater efetivamente o crime, é necessário desarticular suas lideranças e bloquear seus meios de financiamento”, explicou.

Em 2024, mais de 250 milhões de dólares em bens foram confiscados de indivíduos envolvidos em crimes ambientais, além de 60 milhões de dólares em equipamentos usados ilegalmente no garimpo, como dragas, tratores, retroescavadeiras e aeronaves, terem sido destruídos.

“Não podemos permitir que moradores das periferias, povos indígenas e comunidades ribeirinhas vivam sob constante violência enquanto os poderosos permanecem impunes. Os mais vulneráveis são os que mais sofrem com a criminalidade. Estar ao lado do povo amazônico exige ação firme e decisiva contra o crime”, enfatizou.

Na cerimônia, o presidente colombiano Gustavo Petro, que participou a convite de Lula, ressaltou que salvar a Amazônia é salvar a humanidade e defendeu a atuação conjunta dos países na proteção contra ações criminosas.

Ele expressou preocupação com a iminente ameaça de intervenção na Venezuela, associada à presença dos navios norte-americanos, e destacou que o problema central é o petróleo da região. Petro alertou para a necessidade de unidade e diálogo igualitário com os Estados Unidos, e condenou governos aliados de governos considerados genocidas.

“A América Latina não deve ser alvo de bombardeios de ninguém. Esta é a região da vida e o coração do planeta, cercado por belezas naturais”, defendeu o líder colombiano, mencionando a histórica contradição entre a ganância do capital e a preservação da vida.

O CCPI, coordenado pelo Brasil, funcionará como um núcleo de inteligência e cooperação policial entre os nove países amazônicos e os nove estados brasileiros que compõem a Amazônia Legal. A instituição enfrentará crimes ambientais, tráfico de drogas, armas e pessoas, contando ainda com o suporte da Interpol, Europol e Ameripol.

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, destacou que as organizações criminosas operam internacionalmente, exigindo coordenação entre autoridades de diferentes países. Ele ressaltou a atuação conjunta de agências internacionais, como Ameripol e Interpol, para fortalecer essa cooperação.

O secretário-geral da Interpol, Valdecy Urquiza, em vídeo, chamou a inauguração do centro de um marco histórico para a proteção da floresta e para a comunidade policial internacional, ressaltando a complexidade dos desafios que a região enfrenta.

O CCPI Amazônia representa uma resposta firme e colaborativa para combater as redes criminosas que exploram o tráfico de pessoas, drogas, armas e ecoam destruição ambiental. Urquiza ressalta que a cooperação internacional deve ser traduzida em ações concretas e destaca o compromisso do Brasil e dos países amazônicos com a preservação da floresta e a segurança das comunidades locais.

O investimento na estrutura do CCPI é de R$ 36,7 milhões provenientes do Fundo Amazônia, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e gerido pelo BNDES. A unidade integrará a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e as forças estaduais da Amazônia Legal, oferecendo inteligência, operações e suporte logístico para atuação conjunta.

Esta iniciativa faz parte do Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS), que recebeu R$ 318,5 milhões do Fundo Amazônia para aprimorar a inteligência, fiscalização e repressão dos crimes na floresta. Além do CCPI, os recursos financiam helicópteros, lanchas blindadas, viaturas e drones para ampliar a capacidade de atuação das forças federais e estaduais.

Lula enfatizou a relevância do Fundo Amazônia e do financiamento ambiental para a viabilidade dessas ações de segurança, afirmando que as doações representam uma reparação histórica por parte dos países contribuintes.

“O Fundo Amazônia não é um gesto de piedade, mas o pagamento de royalties equivalentes aos que eles recebem por recursos em suas terras. Se eles desmataram suas florestas e querem preservar a Amazônia, que é nossa, precisam apoiar financeiramente, pois mais de 30 milhões de pessoas dependem da floresta para viver com dignidade em toda a América do Sul”, acrescentou.

O fundo também apoia operações como a Ouro-Alvo, que visa rastrear a origem do ouro amazônico, combater grilagem de terras, lavagem de dinheiro e outros crimes ligados ao desmatamento.

A Floresta Amazônica abrange nove países: Brasil, Peru, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Guiana, Suriname, Equador e Guiana Francesa, totalizando cerca de 50 milhões de habitantes e uma área aproximada de 6,74 milhões de km². Cerca de 60% do território está em solo brasileiro.

Além da inauguração do CCPI, ainda em Manaus, Lula participou da implementação do Programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais, que destinará R$ 150 milhões para 48 municípios prioritários no combate ao desmatamento, com ações que incluem prevenção, monitoramento, controle e regularização ambiental e fundiária.

Também nesta quarta-feira, foi entregue a Infovia 04 do Programa Norte Conectado, infraestrutura de fibra ótica que liga Boa Vista a Manaus, levando internet de alta qualidade para cidades em Roraima e Amazonas, beneficiando escolas, hospitais, universidades e serviços essenciais.

O Norte Conectado, gerido pelo Ministério das Comunicações, contará com oito infovias atendendo 59 municípios nos estados da Amazônia Legal, com mais de 12 mil quilômetros de cabos para expandir a comunicação na região e fomentar inclusão digital, educação, saúde e desenvolvimento socioeconômico.

As infovias são compostas por 24 pares de fibra óptica, cada um com capacidade para transmitir até 20 terabytes por segundo, equivalente a 200 mil vídeos em alta definição simultaneamente.

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