Lula apoia consulta popular sobre taxação dos ricos e fim da escala 6×1

Movimentos e organizações populares se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entregar simbolicamente mais de 1,5 milhão de votos a favor da isenção do Imposto de Renda (IR) para salários até R$ 5 mil, maior cobrança de impostos para quem ganha acima de R$ 50 mil, e pelo término da escala de trabalho 6×1, além da diminuição da jornada de trabalho sem redução salarial.

O encontro aconteceu na tarde desta quarta-feira (1º), no Palácio do Planalto, pouco antes da votação na Câmara dos Deputados do projeto que pode garantir a isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil.

A mobilização dessas questões começou em julho, quando sindicatos, estudantes, partidos de esquerda e grupos populares lançaram o Plebiscito Popular por um País Mais Justo. A campanha visa ampliar o debate direto com o povo sobre justiça tributária e redução da jornada, que atualmente é de 44 horas semanais no Brasil.

Lula parabenizou os líderes sindicais, movimentos sociais e partidos presentes, ressaltando que nunca é tarde para aprender e que o plebiscito simboliza uma novidade para a luta social no país.

O presidente destacou que a mobilização promove consciência política. “Uma pessoa consciente está muito mais disposta a lutar por seus direitos do que quem não entende as razões dessa luta.”

A votação contou com urnas físicas em locais públicos e votação online. Igor Felippe, coordenador da Comissão do Plebiscito Popular, explicou que foram feitas duas perguntas: uma sobre a redução da jornada sem diminuir salário e o fim da escala 6×1, e outra sobre a taxação dos super-ricos para possibilitar a isenção do IR para salários de até R$ 5 mil.

O plebiscito vai até 12 de outubro, com atividades em Brasília alinhadas à votação na Câmara dos Deputados sobre a isenção do Imposto de Renda e a taxação sobre quem ganha mais de R$ 600 mil ao ano.

Depois da votação, os movimentos disseram a Lula que a prioridade será avançar na redução da jornada e na abolição da escala 6×1.

Pressão social

O fim da escala 6×1 ganhou força no Brasil no final do ano passado, com protestos acontecendo no primeiro semestre deste ano para pedir o fim dessa escala de trabalho.

No Congresso, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que eliminaria a jornada 6×1 não avançou. Lideranças do governo afirmam que a pauta é prioridade para este ano, embora sua votação para 2025 ainda seja incerta.

O projeto enfrenta oposição de setores empresariais, que afirmam que a mudança aumentaria os custos operacionais das empresas, como defendido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).