Lula autoriza início da reciprocidade para avançar processo

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou nesta sexta-feira (29) que optou por iniciar consultas, investigações e medidas para aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica contra os Estados Unidos, com o objetivo de acelerar a resposta do Brasil às tarifas impostas pelos americanos.

“Esse processo costuma ser demorado. Não tenho pressa em retaliar os Estados Unidos, mas tomei essa decisão para impulsionar o andamento do assunto. (…) É essencial que deixemos claro para os Estados Unidos que temos ações a tomar contra eles”, comentou Lula em entrevista à Rádio Itatiaia.

Lula ressaltou que a demora não é por vontade de retaliar, mas porque os Estados Unidos não demonstram disposição para dialogar.

O presidente também reclamou da dificuldade de seus ministros Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) em estabelecer contato com autoridades norte-americanas.

“Não tentei ligar porque a outra parte precisa mostrar interesse em negociar. Dizem que devo ligar para o Trump, mas se o secretário do Tesouro não falou com o Haddad, e o Alckmin não conseguiu falar com ninguém do comércio americano, por que um telefonema meu resolveria?” afirmou Lula, destacando que, se os Estados Unidos demonstrarem vontade de dialogar, ele adotará uma postura mais conciliadora.

Lula mencionou que uma possível conversa com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderá ocorrer durante a reunião da Assembleia Geral da ONU no próximo mês. “Não tenho problemas com Trump, ele é um problema do povo americano que o elegeu. O Brasil não recusa diálogo, mas não aceitamos uma posição inferiorizada. Somos iguais e queremos uma conversa respeitosa”, disse o presidente.

Luiz Inácio Lula da Silva também antecipou que seu discurso na ONU abordará temas como a defesa da democracia, o multilateralismo e a governança global. Ele comentou ainda sobre o conflito entre Israel e Hamas, classificando-o como um genocídio e denunciando que Israel está matando crianças e mulheres.