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Lula critica visão racista que ainda existe no Brasil

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da abertura da 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, conhecida como Conapir, na noite da última segunda-feira (15) em Brasília.

O evento nacional reúne cerca de 1,7 mil delegados, 200 convidados e vários observadores até o final desta semana na capital federal. Esta conferência não acontecia há sete anos.

Em seu discurso de boas-vindas, o presidente ressaltou que apesar dos avanços em políticas públicas, como ações afirmativas e inclusão da população negra nos programas sociais, o Brasil ainda enfrenta um racismo cotidiano que afeta a população negra.

Ele destacou que existe uma ideia errada que insiste em colocar pessoas negras sempre em um único papel, geralmente como empregadas domésticas ou até mesmo como ameaça.

Sem fazer menção direta, Lula comentou sobre o recente caso da escritora paulista Lilia Guerra, autora do livro O Céu para os Bastardos, que foi injustamente acusada de furto em uma pousada logo após participar da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), realizada entre os dias 30 de julho e 3 de agosto deste ano.

O presidente afirmou: “Não podemos aceitar esses absurdos como normais. É inadmissível que uma escritora negra, convidada de um festival literário, seja acusada injustamente de roubo numa pousada onde se hospedou. Isso revela o preconceito e a discriminação que ainda existem na sociedade brasileira. Não é aceitável que alguém tenha suas oportunidades limitadas ou fique sempre sob suspeita por causa da cor da pele.”

Lula criticou ainda a perseguição e criminalização dos jovens negros das periferias, que continuam sendo alvos principais das forças de segurança, e defendeu a eliminação do racismo no país, pois é crime e também uma doença social.

Conferência

A 5ª Conapir tem como tema Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial. Durante o evento, os delegados participam de grupos de trabalho, plenárias e discussões em rodas ou danças chamadas xirês, de origem Yorubá.

Segundo o Ministério da Igualdade Racial, a construção da conferência aconteceu em etapas abrangendo todo o Brasil. Além das conferências municipais e estaduais, houve uma etapa digital para receber contribuições pela plataforma Brasil Participativo, etapas livres e plenárias temáticas que elegeram delegados representando quilombolas, ciganos, indígenas, povos de terreiro, mulheres, população LGBTQIA+ e jovens negros.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou durante a cerimônia de abertura que políticas públicas de qualidade só se constroem com a participação do povo e coletivamente.

Além do presidente e da ministra, outras autoridades do governo federal e representantes da sociedade civil estavam presentes no evento, realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

Lula ressaltou que se não fosse a persistência e a crença dos participantes e ativistas, não teria sido possível realizar uma conferência dessa escala, especialmente após sete anos sem governo que promovesse espaços para ouvir a população negra do país.

Ele enfatizou a importância institucional das conferências na formulação das políticas públicas adotadas pelo seu governo.

“A participação social é fundamental na forma como governamos e construímos políticas públicas. Quanto mais considerarmos as necessidades, propostas e prioridades das pessoas a quem as políticas são destinadas, mais eficazes seremos,” concluiu o presidente.

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