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Lula defende cooperação global contra crime e impasses

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, 25, que o mundo deve evitar imposições dominantes e ressaltou que nenhum país consegue enfrentar o crime organizado internacional sozinho.

A declaração foi uma resposta indireta às ações do governo Donald Trump, como o aumento de tarifas que afetaram o Brasil e o comércio mundial, além do envio de tropas navais para o Caribe e América Latina para combater cartéis de drogas.

Os Estados Unidos, focados na Venezuela sob o governo do ditador Nicolás Maduro, mobilizaram cerca de 4,5 mil militares e embarcações, provocando preocupação no governo brasileiro devido ao risco de conflito e instabilidade na fronteira norte do País.

No Palácio do Planalto, Lula recebeu o presidente da Nigéria, Bola Tinubu, e destacou o compromisso de ambos os países com o comércio livre e a integração produtiva, especialmente em meio ao ressurgimento do protecionismo e do unilateralismo no cenário internacional.

“Estamos empenhados na construção de um mundo pacífico e sem imposições dominantes”, declarou o presidente brasileiro.

Lula ressaltou também a importância do multilateralismo e do apoio à Organização Mundial do Comércio (OMC), liderada pela nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala. Apesar dos obstáculos impostos pelos EUA, o Brasil está utilizando a OMC para contestar as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos.

Durante a conversa com Tinubu, o combate ao tráfico internacional, terrorismo e crime organizado foi tema central. Lula classificou a ação de grupos criminosos além-fronteiras como uma consequência negativa da globalização.

“Nenhum país isoladamente conseguirá vencer o crime transnacional”, afirmou, destacando a necessidade de medidas urgentes que sejam coordenadas globalmente. Além disso, anunciou o envio de um adido da Polícia Federal para atuar na capital nigeriana, Abuja.

O presidente também criticou a falta de atenção dada à África por administrações anteriores, o que resultou na queda das relações comerciais entre os países, que em 2014 alcançavam US$ 10 bilhões.

Segundo dados do Itamaraty, a Nigéria foi o quarto maior parceiro comercial brasileiro no continente africano em 2023, com um comércio bilateral de US$ 2 bilhões, 20% superior ao ano anterior. As exportações brasileiras para a Nigéria são principalmente açúcares e melaços (74%), enquanto as importações incluem fertilizantes (48%) e petróleo e derivados (48%).

Tinubu pediu maior presença da Petrobras em seu país para ampliar negócios no setor energético, além de solicitar a fabricação local de medicamentos genéricos. Ele destacou que apesar de a Nigéria ser o décimo maior produtor mundial de petróleo, o país não gera valor suficiente para sua população.

“Não vejo motivo para que a produção de medicamentos genéricos, avanço do Brasil, não possa ser realizada na Nigéria. Também questiono por que a tecnologia superior do Brasil não é compartilhada com a África”, afirmou. “Temos a maior reserva de gás e desejo que a Petrobras invista no país o quanto antes. Agradeço a promessa de Lula de que isso acontecerá em breve.”

O continente africano é visto como uma nova fronteira para cooperação em tecnologia, ciência, pesquisa, soberania alimentar e métodos produtivos.

Lula afirmou que o encontro com Tinubu representa o retorno do Brasil à África, buscando uma parceria baseada na solidariedade, fraternidade e igualdade, sem qualquer relação dominadora.

Ele destacou que o intercâmbio tecnológico, especialmente na agricultura, visa compensar os séculos de escravidão sofridos pelo povo negro no Brasil, um valor que não pode ser medido financeiramente.

O presidente brasileiro também apontou diversas oportunidades de colaboração nos setores agrícola, aeroespacial e de maquinário, e destacou a importância de ampliar as conexões aéreas entre as nações.

Lula anunciou a criação de uma rota aérea direta entre Lagos e São Paulo, operada pela Air Peace, a maior companhia aérea nigeriana. A Nigéria conta com uma população de 230 milhões de habitantes.

Ministros dos dois países firmaram acordos para explorar serviços aéreos visando estabelecer uma rota comercial, promover a formação de diplomatas, criar consultas políticas regulares e fortalecer a cooperação científica. No campo financeiro, o BNDES e o Banco de Agricultura da Nigéria também estreitaram laços.

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