Brasil
Lula na ONU denuncia autocratas, confronta Trump, cita condenação de Bolsonaro e exalta STF
Presidente afirmou que democracia brasileira é inegociável e citou prisão inédita de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe.
Por Fatos de Brasília
Ao discursar na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (23.09), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que, “diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas e àqueles que os apoiam”.
Segundo o petista, a democracia e a soberania brasileiras são inegociáveis. Ele criticou o avanço de intervenções unilaterais no cenário internacional e denunciou as sanções aplicadas pelo Governo Trump contra o Brasil.
“Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando regra. A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável”, afirmou Lula.
O presidente ressaltou que a ONU enfrenta uma de suas maiores crises desde a fundação, em 1945, e que o multilateralismo vive uma “nova encruzilhada”.
Prisão inédita de ex-presidente
Sem citar nominalmente Jair Bolsonaro, Lula fez referência à condenação do ex-presidente pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro foi sentenciado a 27 anos e três meses de prisão, em regime inicial fechado, por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes relacionados à trama para permanecer no poder após as eleições de 2022.
É a primeira vez na história do Brasil que um ex-chefe de Estado é condenado por esse tipo de crime. Atualmente, Bolsonaro cumpre prisão preventiva em regime domiciliar por descumprimento de medidas judiciais determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes.
“Não há pacificação com impunidade. Foi investigado, indiciado, julgado e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso, com amplo direito de defesa — prerrogativa que as ditaduras negam às suas vítimas”, declarou Lula.
Sanções dos Estados Unidos
O presidente também criticou o Governo dos Estados Unidos, que tem aplicado sanções contra o Brasil, em uma tentaviva frustrada de absolver Bolsonaro dos crimes julgados. Além da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, as medidas atingem ministros, autoridades e familiares de integrantes do Governo do Estado e do Judiciário.
Lula classificou as sanções como “unilaterais e arbitrárias” e disse que “falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil, em conluio com uma extrema direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias”.
Referência a Mujica e ao Papa Francisco
No encerramento do discurso, Lula homenageou o ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica e o Papa Francisco, a quem descreveu como “exemplos de lideranças humanistas”.
“Se ainda estivesse entre nós, provavelmente viriam a esta tribuna para lembrar que o autoritarismo, a degradação ambiental e a desigualdade não são inexoráveis”, afirmou.
O presidente reforçou a defesa do sul global e destacou a importância do G20, dos BRICS, da União Africana, da União Europeia, da ASEAN e da CELAC para a construção de uma ordem internacional multipolar e multilateral.

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