Economia
Lula não vai escolher entre China e Estados Unidos na guerra comercial, diz Haddad

O ministro ressaltou que são mercados diferentes
Por Agência O Globo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não irá escolher entre China e Estados Unidos na guerra comercial e nem faz bravata nas negociações com os americanos, chineses e russos.
— O presidente Lula não vai fazer essa escolha, por não acreditar nesse tipo de pensamento — disse Haddad, em entrevista ao UOL.
O ministro ressaltou que são mercados diferentes. Segundo ele, Lula “acredita no multilateralismo mesmo, não é tipo”.
— A China é o maior parceiro comercial do Brasil, como você vai prescindir disso? O Brasil precisa exportar. Os EUA tem a tecnologia de ponta que ninguém domina, a China está correndo atrás e fazendo um excelente trabalho de buscar alcançar a tecnologia americana, mas o Vale do Silício está na frente. Nós dependemos de tecnologia como o mundo inteiro depende, e essas parcerias são fundamentais para o Brasil se desenvolver — considerou.
O ministro conversou com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, na semana passada. Na ocasião, o titular da Fazenda disse que a América do Sul é deficitária nas suas relações comerciais com os EUA.
— Como você taxa uma região que é deficitária? Do ponto de vista econômico não faz o menor sentido, e ele próprio reconheceu isso e disse :“Vamos negociar, vamos sentar à mesa para negociar” — afirmou. — Sob o meu ponto de vista, os Estados Unidos deveriam olhar com mais generosidade para a América Latina e para a América do Sul.
Haddad disse que o presidente dos EUA, Donald Trump, tenta reequilibrar a balança comercial do país de maneira “um pouco errática”.
— Isso passa pelo reconhecimento de que os EUA se promoveram muito com a globalização, não resta dúvidas, os EUA se beneficiaram da globalização, mas talvez a China tenha se beneficiado muito mais que os EUA, e isso gera incômodo para um país que até outro dia enfrentou União Soviética e Japão, agora está com um desafio maior, a China é uma potência militar, uma potência econômica — observou o ministro.
Guerra comercial
Estados Unidos e China divulgaram nesta segunda-feira um acordo para reduzir as tensões iniciadas a partir do início do governo de Donald Trump, que culminou em uma escalada tarifária a partir de 2 de abril. Ambos os lados concordaram em reduzir, até 14 de maio, tarifas impostas aos produtos um do outro, levando a um salto nas Bolsas americanas no pré-mercado e valorização do dólar.
Pequim reduzirá os tributos sobre produtos dos EUA de 125% para 10% por 90 dias, enquanto Washington vai diminuir as tarifas de 145% para 30%.

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