Lula vai ao Sudeste Asiático para ampliar comércio com 680 milhões

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia nesta terça-feira (21) uma viagem ao Sudeste Asiático, com visitas à Indonésia e à Malásia. Ele participará da cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) e da reunião de líderes do Leste Asiático (EAS). Além disso, haverá encontros bilaterais com os países anfitriões e outros chefes de Estado presentes, incluindo, possivelmente, uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda não confirmada. O retorno ao Brasil está previsto para o dia 28.

O objetivo principal dessa missão, conforme o governo brasileiro, é fortalecer a aproximação política com as nações da região e explorar oportunidades para ampliar o comércio bilateral.

É a primeira vez que um presidente brasileiro participa, como convidado, de uma cúpula da Asean, destacou o embaixador Everton Frask Lucero, diretor do Departamento de Índia, Sul e Sudeste da Ásia do Itamaraty, em entrevista a jornalistas.

Essa cúpula representa uma chance para encontros com líderes globais, já que muitos países importantes mantêm algum tipo de relação com a Asean.

Entre os encontros confirmados está a reunião de Lula com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, marcada para domingo (26), em Kuala Lumpur.

Fundada em 1967 por Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura e Tailândia, a Asean promove a cooperação econômica, política, de segurança e sociocultural entre seus membros. Hoje, o bloco conta também com Brunei, Laos, Mianmar, Vietnã, Camboja e, em breve, o Timor Leste, que se tornará o 11º membro.

Os 11 países juntos somam uma população superior a 680 milhões de habitantes, com um PIB agregado de cerca de US$ 4 trilhões, formando o terceiro maior bloco populacional e a quarta maior economia global, disse o embaixador Lucero.

O comércio entre Brasil e Asean superou US$ 37 bilhões no ano anterior e mantém tendência de crescimento. Caso a Asean fosse um único país, seria o quinto parceiro comercial do Brasil, depois da China, União Europeia, Estados Unidos e Argentina.

Em um cenário de tarifas comerciais unilaterais no comércio internacional, a Asean pode abrir novas portas para os produtos brasileiros, visto que os países do bloco tiveram participação de mais de 20% no superávit da balança comercial do Brasil, com saldo de US$ 15,5 bilhões, segundo o Itamaraty.

Agenda na Indonésia

A primeira parada será em Jacarta, capital da Indonésia, maior economia da região, onde Lula será recebido em visita de Estado para reforçar laços bilaterais, em resposta à visita do presidente indonésio Prabowo Subianto ao Brasil em julho.

A chegada está prevista para as 15h30 (horário local) de quarta-feira (22), sem agenda pública imediata. No dia 23, haverá cerimônia oficial de recepção e reunião privada no Palácio Presidencial, seguida de encontros com ministros para assinatura de acordos, possivelmente incluindo cooperação em energia renovável.

A Indonésia, parceira estratégica do Brasil desde 2008, é a terceira maior democracia e a economia líder da Asean. Recentemente, o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira visitou o país e estabeleceu plano de ação para aprofundar relações bilaterais e multilaterais, destacando comércio agrícola, segurança alimentar, bioenergia, sustentabilidade e defesa.

Na tarde do dia 23, Lula participará do encerramento do fórum empresarial Brasil-Indonésia, com cerca de 100 empresários brasileiros presentes. No dia 24, está prevista reunião com o secretário-geral da Asean, o cambojano Kao Kim Hourn, antes do embarque para Kuala Lumpur.

Compromissos na Malásia

Em Kuala Lumpur, a agenda inicia sábado (25) com visita oficial e encontro com o primeiro-ministro malaio Anwar Ibrahim. Os dois líderes buscam estreitar relações políticas devido a visões comuns sobre temas globais como conflitos internacionais, fome e reformas globais.

O embaixador Lucero destacou que, apesar da longa parceria comercial, esta será a primeira vez que a relação entre Brasil e Malásia alcança maior visibilidade e peso político, reforçando a presença brasileira em uma região emergente e dinâmica economicamente.

Também estão previstos acordos bilaterais em semicondutores, ciência, tecnologia e energia renovável, refletindo o papel da Malásia como potência no setor de semicondutores.

Still no sábado, Lula receberá o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional da Malásia e fará discurso sobre a visão brasileira das relações com a Ásia.

Domingo (26) é dia da abertura da 47ª Cúpula da Asean, com participação em eventos empresariais e encontros bilaterais, incluindo a reunião com Narendra Modi e possível encontro com Donald Trump.

Encontros multilaterais

No dia 27, o presidente brasileiro participará da 20ª Cúpula do Leste Asiático (EAS), fórum que reúne 18 países da Ásia e Oceania, incluindo membros da Asean, além de Rússia, EUA, Coreia do Sul, Austrália, Índia, China, Japão e Nova Zelândia. Lula fará discurso aos líderes presentes no encontro anual, que ocorre normalmente após a cúpula da Asean.