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Lula vai convidar Trump para COP30 em Belém

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Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, declarou nesta terça-feira (5) que não planeja telefonar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir tarifas sobre produtos brasileiros exportados para os EUA. Porém, pretende convidá-lo para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro, em Belém.

“Não vou ligar para o Trump para negociar qualquer assunto porque ele não está disposto a conversar. Contudo, vou convidá-lo para a COP30 para entender sua posição sobre questões climáticas”, afirmou Lula ao abrir a 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) no Palácio Itamaraty, em Brasília.

Recentemente, os EUA anunciaram uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, que entrou parcialmente em vigor no dia 6 após exclusão de alguns itens. Os EUA alegam práticas comerciais injustas relacionadas ao sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, o Pix. Lula rebateu dizendo que o Pix é um patrimônio nacional e um modelo reconhecido mundialmente de infraestrutura digital pública.

“Não podemos ser penalizados por criar um sistema gratuito e eficiente”, disse ele. Lula sugeriu que Trump experimentasse o Pix nos EUA para perceber sua modernidade. Ele afirmou que a preocupação americana está na possibilidade do Pix substituir os cartões de crédito, o que incomoda grandes corporações influentes.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, informou que o governo brasileiro responderá oficialmente ao tema do Pix até 18 de agosto.

Durante o encontro, Lula reafirmou sua vontade de diálogo e cooperação, destacando a necessidade de apoio do setor empresarial nacional. Ele mencionou o ex-vice-presidente e empresário José Alencar como exemplo de nacionalismo empresarial e criticou a ausência desse perfil atualmente.

“Hoje, há mais mercantilismo do que nacionalismo. Defender o Brasil tornou-se mais complexo porque muitos não valorizam nossa soberania”, ressaltou o presidente.

Lula condenou a interferência político-eleitoral nas relações institucionais e criticou ações externas que prejudicam o país, citando o deputado Eduardo Bolsonaro e sua atuação junto ao governo dos EUA.

O presidente classificou as medidas tarifárias como arbitrárias e agressões à democracia e soberania brasileiras. Anunciou que o governo implementará um plano de contingência para minimizar os impactos econômicos e sociais das tarifas, além de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestá-las.

Finalizando, reafirmou o compromisso brasileiro com a abertura de novos mercados internacionais e a assinatura do acordo Mercosul-União Europeia ainda este ano, destacando a importância dessa parceria baseada em respeito e cidadania.

No contexto dessas tensões, os EUA fecharam acordos comerciais favoráveis para evitar retaliações, reduzindo tarifas para a Europa e obtendo investimentos bilionários. Lula frisou que parcerias sólidas devem gerar benefícios mútuos.

O setor produtivo brasileiro, representado pela Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), ressaltou a importância dos mercados externos para o crescimento da fruticultura e pediu atenção especial para pequenos produtores, que dependem das exportações para os EUA.

Priscila Nasrallah, da Abrafrutas, enfatizou que os Estados Unidos são um mercado chave para frutas como manga, uva, melão, melancia, mamão, papaia e seus derivados. Ela solicitou que a entrada em vigor das tarifas seja adiada para evitar prejuízos.

O Fórum das Centrais Sindicais também expressou preocupação com a manutenção do emprego nos setores afetados e apresentou ao governo propostas para a transição justa e inclusiva da economia, com foco em inovação, investimento e produtividade.

De acordo com o presidente do fórum, Clemente Ganz, o movimento sindical está buscando articulação internacional para enfrentar as tarifas a partir da perspectiva do emprego e discute a atuação junto à Central Sindical Internacional na OMC.

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