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Macron escolhe Sébastien Lecornu como novo primeiro-ministro

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O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta terça-feira (9) a nomeação de Sébastien Lecornu, atual ministro da Defesa, para o cargo de primeiro-ministro. Sua principal tarefa será garantir a aprovação do orçamento para 2026 e encontrar soluções para a grave crise política que o país enfrenta.

Lecornu se torna o quinto chefe de governo desde 2024, assumindo sua função no dia anterior a grandes protestos organizados nas redes sociais sob o slogan “Vamos bloquear tudo”, e poucos dias antes da revisão da nota de crédito da França.

O presidente solicitou que Lecornu “consulte as forças políticas no Parlamento para aprovar o orçamento nacional e consolidar acordos essenciais para as decisões futuras”, segundo comunicado do Palácio do Eliseu.

Seus antecessores, o conservador Michel Barnier e o centrista François Bayrou, não conseguiram aprovar seus orçamentos, resultando em queda do governo poucas semanas após suas nomeações.

Sébastien Lecornu, de 39 anos, é um aliado próximo de Macron e liderou o Ministério da Defesa por mais de três anos, sendo um dos principais representantes da continuidade governamental desde 2017.

Desafios à frente

A situação política permanece complexa. Desde as eleições antecipadas de 2024, a Assembleia Nacional está fragmentada entre esquerda, centro-direita e extrema direita, sem maioria estável.

Reações políticas variam diante da nomeação: a líder da extrema direita, Marine Le Pen, a classificou como “o último recurso do macronismo”. O esquerdista Jean-Luc Mélenchon criticou o governo e solicitou a renúncia de Macron, apresentando moção de destituição, sem chances reais de aprovação.

Os partidos do governo demonstram disposição para negociar com Lecornu, contudo não possuem maioria absoluta. A oposição socialista, por sua vez, exige um governo de esquerda com medidas como suspensão da reforma da previdência e aumento de impostos sobre grandes patrimônios.

Tensão social

O Partido Socialista alertou para o risco de uma intensa revolta social e bloqueios institucionais caso não haja justiça social, fiscal e ambiental.

A transição entre Bayrou e Lecornu será na quarta-feira ao meio-dia, no mesmo dia em que estão previstos protestos expressivos. Autoridades temem que os protestos se assemelhem aos movimentos dos “coletes amarelos” (2018-2019), que abalaram o primeiro mandato de Macron. Sindicatos convocaram greve ampla para o dia 18 de setembro.

Segundo relatos, há um sentimento generalizado de desgaste social e insatisfação com a diminuição do padrão de vida e ações do Estado.

Para os protestos, quase 80 mil policiais serão mobilizados, com manifestações previstas para bloqueios em empresas, vias públicas e instituições de ensino.

Orçamento em jogo

O orçamento para 2026, responsável pela queda de Bayrou, previa cortes de 44 bilhões de euros e a eliminação de feriados, visando sanear as finanças do país, que apresentam déficit e dívida públicas elevadas.

Lecornu terá de negociar um novo orçamento sob forte pressão do mercado financeiro.

O custo do endividamento da França ultrapassou o da Itália, tradicionalmente criticada por sua gestão fiscal.

Na sexta-feira, a agência Fitch revisará a classificação da dívida soberana francesa, que atualmente é AA- com perspectiva negativa. Caso não haja um plano credível para redução da dívida, pode ocorrer o rebaixamento da nota.

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