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Madagascar entra em governo militar após golpe

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Madagascar iniciou, nesta quarta-feira (15), um novo período sob comando militar, após uma unidade de elite do Exército assumir o controle do país na sequência da destituição dramática do presidente Andry Rajoelina por abandono de suas funções.

O grupo militar CAPSAT assumiu o poder na terça-feira (14), logo após a grande maioria do Parlamento aprovar o afastamento de Rajoelina, que aparentemente deixou o país insular do leste africano.

O presidente enfrentou mais de duas semanas de manifestações públicas lideradas por jovens descontentes com a elite no poder.

A capital, Antananarivo, amanheceu calma nesta quarta-feira, embora o futuro do país ainda gere dúvidas.

O coronel Michael Randrianirina, comandante do CAPSAT e atual líder de fato da nação, declarou na terça-feira que a transição terá duração inferior a dois anos e incluirá a reorganização das instituições principais.

O processo estará sob supervisão de um comitê formado por oficiais do Exército e da Polícia.

Randrianirina, crítico ferrenho do governo Rajoelina, prometeu promover eleições dentro de 18 a 24 meses e afirmou que o comitê buscará um “primeiro-ministro de consenso” para estabelecer um novo governo.

O Tribunal Constitucional confirmou a autoridade do novo comando ao validar o afastamento de Rajoelina.

A presidência denunciou um “claro golpe de Estado” e assegurou que Rajoelina, cujo paradeiro é desconhecido e foi visto pela última vez há uma semana, “continua oficialmente no cargo”.

A ONU declarou na terça que aguarda a estabilização da situação, mas expressou preocupação frente a mudanças inconstitucionais no poder.

“Os líderes militares que assumiram o controle devem respeitar e garantir os direitos de toda a população de Madagascar”, afirmou a organização Human Rights Watch.

Os protestos iniciaram em 25 de setembro motivados pelos frequentes cortes de água e energia, e gradualmente passaram a incluir denúncias contra corrupção, má gestão política e falta de oportunidades no país.

O movimento jovem que liderou os protestos acolheu positivamente a intervenção de Randrianirina.

“Estou muito aliviada porque Andry Rajoelina não está mais governando”, afirmou uma empresária identificada apenas como Muriella na cidade de Antsiranana, no norte, onde muitos jovens comemoraram nas ruas após a destituição.

“Essa também é uma lição para quem vier a seguir: aprenda com isso e não repita os mesmos erros”, adicionou.

Rajoelina, reeleito em 2023 em uma eleição boicotada pela oposição, assumiu o poder em 2009 após um golpe de Estado apoiado pelo Exército, fato criticado internacionalmente.

Diante das informações de que teria recebido auxílio da França — antiga potência colonial — para deixar o país, ele comunicou que está em local seguro.

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