Centro-Oeste
Mãe de 66 anos sofre ao ver filha sem remédio para câncer de pele
Sheylla dos Reis Ribeiro, de 42 anos, está debilitada devido a um câncer de pele agressivo, dependendo da ajuda da mãe, Cleusa Pereira dos Reis, de 66 anos, para sobreviver. A paciente enfrenta uma batalha judicial para conseguir o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Distrito Federal (DF). Dona Cleusa sofre diariamente com o sofrimento e as lágrimas da filha.
“Ela chora, o que me deixa muito triste. Ela precisa do medicamento. Que mãe não ficará triste ao ver sua filha nesse estado?”, desabafou. Cleusa relata que a filha já não tem forças para realizar tarefas simples do dia a dia, nem para andar na rua, e a família não tem condições financeiras para arcar com o custo do remédio.
Cleusa descreve a situação difícil da filha: “Minha filha era muito bonita, mas hoje está tão magra que chega a doer no coração vê-la assim. Esse medicamento não é caro para o governo. Peço que liberem o remédio para que minha filha possa continuar vivendo.”
Sheylla foi diagnosticada com melanoma em 2020 e iniciou o tratamento pelo SUS, porém os medicamentos e terapias disponíveis na época não mostraram melhoras. Posteriormente, em um hospital privado, foi indicado o tratamento com os medicamentos Nivolumabe e Ipilimumabe, que não são cobertos pelo SUS e têm custo elevado de R$ 342 mil. Em busca de esperança, Sheylla entrou com ações no Tribunal de Justiça do Distrito Federal para obter o acesso a esses remédios, mas sem sucesso.
“É injusto. Pagamos impostos e sabemos que os remédios disponíveis no SUS não são eficazes para meu câncer. Os médicos estão preocupados e sabem que o tratamento atual não está funcionando,” afirmou Sheylla.
O Ministério da Saúde esclareceu que o Nivolumabe foi incorporado ao rol de medicamentos do SUS para tratamento de melanoma avançado não cirúrgico e metastático, conforme decisão da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec). A pasta informou que está em processo administrativo para efetivar a aquisição e disponibilização aos pacientes. Já o Ipilimumabe recebeu parecer desfavorável na Conitec e atualmente não há nova demanda para sua incorporação.
O tratamento com Nivolumabe e Ipilimumabe é um tipo de imunoterapia. Segundo o diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca), Roberto Gil, existem diversos imunoterápicos com cerca de 54 diferentes indicações, mas os preços elevados dificultam o acesso dos pacientes.
O Inca participa das avaliações para possível incorporação de medicamentos no SUS, analisa a efetividade das terapias considerando limitações orçamentárias e capacidade de oferta. O Instituto mantém protocolos clínicos para avaliar a eficiência dos remédios, que são estudos de pesquisa clínica, não processos de incorporação direta.
Roberto Gil explicou que o primeiro passo para uma nova tecnologia é avaliar uma patologia específica e todo o campo assistencial para definir protocolos clínicos. Para incorporação, o Ministério da Saúde utiliza os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs).
Se aprovado, o medicamento deverá ser utilizado em todas as unidades do SUS, respeitando o princípio da equidade e sem adoção isolada por unidades específicas.
Por fim, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que a paciente está sendo acompanhada pela rede pública de saúde, com consultas e exames regulares agendados, incluindo consulta com oncologista marcada para o dia 18 de dezembro.

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