Centro-Oeste
Mãe em resguardo sofre golpe e enfrenta dificuldades na amamentação

“Não consigo dormir direito. Tive um bebê há 15 dias e preciso amamentar, mas com tanto estresse, até o leite parou de sair”, conta uma mãe de 33 anos, moradora de Águas Claras, que está em período de resguardo e teve o sonho de viajar para Fernando de Noronha frustrado após ser vítima de um golpe da agência “Juntos pelo Mundo”.
A cliente explica que pagou R$ 5 mil por um pacote turístico para abril de 2026, com pagamento via boleto. O choque veio ao descobrir que a empresa, divulgada por uma influenciadora digital com mais de 63 mil seguidores, declarou falência. A mesma influenciadora que anunciava os pacotes agora denuncia a fraude nas redes sociais.
Este caso não é isolado. Mais de 200 pessoas afirmam terem sido enganadas pela agência e criaram um grupo no WhatsApp para denunciar o golpe. Os destinos prometidos incluíam Rio de Janeiro, Fernando de Noronha e Punta Cana.
Em comunicado, a agência “Juntos pelo Mundo” alegou ter pedido autofalência diante de desafios financeiros e operacionais recentes. A empresa informou que todos os serviços e reembolsos estão suspensos até decisão judicial e que o juízo responsável definirá os próximos passos do processo. Agradeceram pela compreensão dos clientes.
Entre as vítimas está também uma moradora de Valparaíso de Goiás, de 33 anos, que sonhava comemorar o aniversário do marido com uma viagem ao Rio de Janeiro para conhecer o Estádio de São Januário, casa do time Vasco, clube do coração do casal. Eles relataram que no dia do embarque não receberam informações sobre passagens ou hotel. Apesar das promessas da empresa de acionar equipe jurídica para reembolso dos R$ 2,9 mil pagos em parcelas, nada foi resolvido.
O golpe atingiu até mesmo destinos internacionais. Uma cliente ansiosa pela viagem a Punta Cana, marcada para março de 2026 e comprada com um ano de antecedência, percebeu que o perfil da agência havia sido desativado. Em busca de respostas, ela se juntou a um grupo com mais de 200 pessoas de diversas regiões do país, todos lesados pela empresa. Nesse grupo, Célia (nome fictício) descobriu que a agência já não funcionava no endereço do contrato e que vários clientes registraram boletins de ocorrência.
Direitos do consumidor
Mesmo com o encerramento das atividades da agência, consumidores ainda podem ter seu dinheiro restituído. O advogado Caio de Luccas, especialista em direito do consumidor, esclarece que o Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil exigem que os sócios respondam com seus bens pessoais caso a empresa tenha agido de forma irregular. “Fechar as portas não isenta ninguém das dívidas”, afirma.
A responsabilização pode ocorrer no âmbito civil e criminal. Na esfera civil, o consumidor pode pedir reembolso e indenização por danos materiais e morais. No âmbito criminal, os responsáveis podem ser acusados por estelionato.
Quanto a plataformas digitais como Instagram e WhatsApp, elas não são automaticamente responsáveis pelos anúncios. Porém, se forem notificadas sobre fraudes e não tomarem providências, podem ser responsabilizadas legalmente. “Empresas que lucram com anúncios devem agir rapidamente para evitar golpes”, alerta o advogado.

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