A Justiça do Distrito Federal decidiu manter presos por tempo indeterminado dez alvos da operação Caronte, que apura a existência da “máfia das funerárias”. A prisão deles era temporária – com duração de cinco dias corridos – e venceria nesta terça-feira (31). Ela foi convertida em prisão preventiva pela 5ª Vara Criminal de Brasília.
A prisão preventiva é decretada quando a Justiça entende que o suspeito pode atrapalhar as investigações, ocultando provas ou abordando testemunhas. Também é determinada quando a pessoa é considerada “perigosa para a sociedade”.
Apenas dois outros alvos da operação foram soltos, na madrugada desta segunda. São funcionários de funerárias. A polícia entendeu que não havia necessidade de eles permanecerem presos na carceragem no complexo sede da corporação. Eles sinalizaram que iriam colaborar com as investigações.
Relembre
De acordo com as investigações, o grupo cobrava entre R$ 1,5 mil e R$ 8 mil por atestados de óbitos. O golpe acontecia porque os suspeitos simulavam ser do Instituto Médico Legal (IML).
Entre os que seguem detidos estão empresários, um médico dono de uma clínica em Formosa, no Entorno, e um vigilante do Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
Segundo investigação da polícia, os empresários e funcionários de funerárias copiavam a frequência do rádio da Polícia Civil para chegar na frente dos servidores do IML.
Quando alguém morria por morte natural, por exemplo, antes mesmo da chegada do carro de recolhimento dos corpos, conhecido como “rabecão”, eles faziam contato com familiares e se passavam por agentes públicos de captação de órgãos.
“Por meio dos contatos [com as famílias], os criminosos informavam sobre suposta parceria para atestarem o óbito fora do IML, alegando que o processo seria mais rápido e “menos doloroso”. Para completar o golpe, as funerárias retornavam para as famílias e confirmavam a informação, oferecendo serviço médico de atestado de óbito, bem como serviços funerários.”
Chegando no local, faziam o levantamento do poder aquisitivo das vítimas e conseguiam enganá-las a ponto de convencê-las a cancelar a solicitação de rabecão. Com o atestado de óbito dado por um médico, que assinava um laudo com a causa da morte sem ao menos olhar para o cadáver, a funerária entrava em ação e tomava a frente do enterro das pessoas.
De acordo com a polícia, um serviço que seria gratuito para o familiar acabava sendo pago em um momento de dor para as vítimas.
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