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‘Máfia dos concursos’ cobrava R$ 220 mil por vaga em medicina na UnB

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Vestibulando deveria fazer a prova com caneta de tinta apagável para membros da quadrilha remarcarem o gabarito, diz delegado. Cebraspe afirmou que ‘repudia práticas ilícitas’.

Polícia tem indícios de que a 'máfia dos concursos' fraudava vestibulares

Polícia tem indícios de que a ‘máfia dos concursos’ fraudava vestibulares

Além de “furar fila” para candidatos em concursos públicos, a organização criminosa alvo da Operação Panoptes também fraudava vestibulares de cursos concorridos da Universidade de Brasília (UnB). Segundo as investigações, o grupo chegava a cobrar R$ 220 mil por uma vaga em medicina.

Responsável pelo vestibular, o Cebraspe informou em nota que vai tomar “todas as medidas cabíveis” se confirmada a participação de algum colaborador nas fraudes. Também disse que “repudia práticas ilícitas e reafirma o compromisso de fazer eventos com lisura”.

Em depoimento à Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco), um médico disse que negociou a aprovação da filha com Bruno Ortiz, filho de Hélio Ortiz, apontado como chefe da suposta quadrilha.

O médico detalhou que a filha deveria fazer a prova com caneta de tinta apagável e que o grupo remarcaria o gabarito. Para também fraudar a redação, Ortiz cobrava R$ 800 a mais. A testemunha disse que pagou R$ 45 mil, mas a filha não foi aprovada.

A defesa de Hélio Ortiz e Bruno Ortiz diz que ainda não teve acesso ao inquérito, mas “acredita na inocência dos clientes”.

Carro da Polícia Civil em frente ao Cespe, um dos alvos da operação Panoptes (Foto: Bianca Marinho/G1)

Carro da Polícia Civil em frente ao Cespe, um dos alvos da operação Panoptes (Foto: Bianca Marinho/G1)

A Polícia Civil deve enviar o inquérito para a Justiça ainda nesta semana. O próximo passo da Operação é investigar pessoas contratadas para passar as respostas, os aprovados e o envolvimento das bancas.

O delegado que está conduzindo as investigações, Adriano Valente, disse que a quadrilha pretendia fraudar novos concursos, inclusive a nível nacional.

“Além do concurso da Câmara Legislativa, que estava mais próximo, chegaram a falar também de tentar fraudar o concurso do Senado Federal e do Ibama”, declarou o delegado.

Agente da Polícia Civil carrega malote com documentos apreendidos (Foto: Elielton Lopes/G1)

Agente da Polícia Civil carrega malote com documentos apreendidos (Foto: Elielton Lopes/G1)

Operação Panoptes

A operação da Polícia Civil foi deflagrada na segunda-feira (21) e prendeu quatro suspeitos de integrar uma organização criminosa que fraudava concursos públicos. A suspeita é de que eles recebiam dinheiro para “furar filas” nos exames nos últimos cinco anos.

Os envolvidos são Bruno de Castro Garcia Ortiz, Helio Garcia Ortiz, Johann Gutemberg dos Santos e Rafael Rodrigues da Silva Matias. Helio e Bruno Ortiz, pai e filho, inclusive, foram presos em 2005 por fazer parte da “Máfia dos Concursos”, esquema criminoso descoberto há 11 anos, do qual Hélio era o chefe.

As investigações começaram há três meses quando a Polícia Civil recebeu denúncias de possíveis fraudes no concurso do Corpo de Bombeiros do DF. A polícia conseguiu identitificar duas pessoas que tentaram burlar o exame, mas segundo o delegado Adriano Valente, a suspeita é de que as tentativas de fraude tenham ocorrido em todos os concursos dos últimos anos.

Foram identificadas quatro modalidades de falsificação. Em uma delas, o candidato usava um ponto eletrônico (espécie de fone de ouvido) para receber instruções sobre o gabarito. Em outra, o candidato deixava aparelhos celulares em pontos diferentes do local de prova, como o banheiro, para consultar as respostas.

Os agentes identificaram, ainda, o uso de identidades falsas para que uma pessoa se passasse por outra. A polícia também investiga a participação de integrantes das bancas examinadoras na organização criminosa.

De acordo com o delegado Brunno Ornelas, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco), ao menos uma centena de pessoas participou das fraudes como contratantes do serviço, para “furar a fila”. Segundo ele “quase todos os concursos foram fraudados nos últimos dez anos”.

Os delegados da Deco Bruno Ornelas (esq.) e Adriano Valente (Foto: Elielton Lopes/G1)

Os delegados da Deco Bruno Ornelas (esq.) e Adriano Valente (Foto: Elielton Lopes/G1)

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