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Mais 9 pessoas morrem de fome em Gaza; Israel promete ajuda aérea

A crise de fome grave em Gaza atingiu o quinto dia, com a morte de nove pessoas adicionais por inanição, conforme relatado por autoridades médicas palestinas na região controlada pelo grupo Hamas. Nesta semana, 54 pessoas já morreram por falta de alimentos, totalizando 122 mortes desde o início do conflito, sendo 83 crianças.
Sob pressão internacional, o governo de Israel comprometeu-se a permitir que países árabes enviem suprimentos de comida, medicamentos e água via aérea, utilizando aviões que lançarão pacotes com paraquedas sobre Gaza.
Os Emirados Árabes Unidos e a Jordânia foram indicados para realizar as entregas, de acordo com a imprensa israelense. Contudo, especialistas e entidades humanitárias alertam que esta forma de distribuição pode causar confusões entre a população faminta e é incerta quanto à precisão das entregas, com risco de mantimentos caírem em áreas erradas ou no mar.
Organizações como o Comitê Internacional de Resgate e o Programa Mundial de Alimentos da ONU relatam que aproximadamente 500 mil palestinos, em uma população de 2 milhões, enfrentam insegurança alimentar, e 100 mil estão em estado crítico de fome. Um terço da população chega a passar dias sem se alimentar, e teme-se um agravamento da situação nos próximos dias.
Atualmente, 70 caminhões de suprimentos entram diariamente em Gaza, número inferior ao mínimo recomendado de 100 caminhões por dia, acordo entre Israel e União Europeia. Desde o começo da guerra, Israel limita a entrada de alimentos e combustíveis no território, tendo suspendido completamente a ajuda humanitária entre março e maio para pressionar o Hamas à rendição, intensificando a crise humanitária.
Nas redes sociais e nos principais jornais internacionais, imagens de crianças extremamente magras têm aumentado a pressão global por um cessar-fogo entre Israel e Hamas.
Negociações em risco
Apesar da pressão internacional, Israel e Estados Unidos suspenderam as negociações na quinta-feira, acusando o Hamas de não fazer concessões para trégua, especialmente pela rejeição do grupo à presença de postos de controle militares israelenses durante uma suposta pausa no conflito. O Hamas acusa os EUA de abandonarem as negociações.
Em declaração na Casa Branca, o presidente americano Donald Trump acusou o Hamas de recusar o acordo e afirmou que Israel precisa resolver a questão definitivamente. “O Hamas será caçado”, declarou.
O primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu declarou que estuda novas estratégias para resgatar cerca de 20 reféns mantidos pelo Hamas em Gaza. Em comunicado, afirmou que o representante especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, estava correto ao apontar o Hamas como obstáculo para a libertação dos reféns.
“Em parceria com nossos aliados americanos, estamos explorando outras opções para trazer nossos reféns de volta, acabar com o regime terrorista do Hamas e assegurar uma paz duradoura para Israel e a região.”
Pressão internacional
A maior pressão para encerrar o conflito e aliviar a fome tem vindo da Europa. O presidente francês Emmanuel Macron prometeu reconhecer o Estado palestino independente na próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro.
Macron discutiu a crise com o chanceler alemão Friedrich Merz e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer. Em Roma, o ministro das Relações Exteriores italiano Antonio Tajani afirmou que a Europa não pode mais tolerar o massacre de civis e a grave fome em Gaza.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou a comunidade internacional por sua omissão diante do sofrimento dos palestinos famintos na Faixa de Gaza, qualificando a situação de uma “crise moral que testa a consciência global”.
“É difícil compreender o nível de indiferença e inação demonstrado por muitos integrantes da comunidade internacional, mostrando falta de compaixão e humanidade”, declarou Guterres em discurso na assembleia da Anistia Internacional.

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