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Mais da metade dos corpos da operação no Rio já foram identificados
Mais da metade dos corpos das 117 vítimas na grande operação nos complexos do Alemão e da Penha, contra membros do Comando Vermelho, já foram reconhecidos e começam a ser liberados para os familiares.
O governo do Rio organizou uma equipe especial no Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto, localizado no centro do Rio, para realizar as necropsias dos homens que perderam a vida durante a Operação Contenção.
Conforme informado pelo governo do Estado, o IML está dedicado exclusivamente às necrópsias dos corpos da operação. O acesso é restrito apenas a agentes da Polícia Civil e promotores do Ministério Público. O atendimento às famílias das vítimas ocorre no prédio do Detran, ao lado do IML.
Os corpos que não estão relacionados à operação são encaminhados para o IML de Niterói, na Região Metropolitana.
A Defensoria Pública do Rio montou uma estrutura no estacionamento do Detran para atender aos familiares das vítimas. Nesta quarta-feira, 29, a entidade prestou atendimento a 106 famílias.
A Defensoria dividiu suas equipes da força-tarefa entre o Complexo da Penha, o estacionamento do Detran, o IML e o Hospital Getúlio Vargas, onde ofereceram acolhimento inicial às famílias e suporte jurídico para casos de privação de liberdade ou apreensão, obtenção de documentação para as vítimas, auxílio para sepultamento gratuito e autorização para traslado das vítimas para outros estados.
Segundo a defensora pública Mirela Assad, da Coordenação Geral de Programas Institucionais (Cogpi), a ausência de familiares para algumas das vítimas dificulta a identificação dos corpos. Uma equipe de 40 pessoas da Defensoria do Rio está atuando no IML. As famílias são cadastradas pelo órgão e continuam recebendo suporte, como atendimento psicológico e jurídico.
“Atendemos 106 famílias no total. Algumas buscavam a documentação das vítimas para possibilitar a identificação civil, outras já tinham essa identificação concluída, mas precisavam de ajuda para o sepultamento gratuito. Também auxiliamos em casos de vítimas oriundas de outros estados, fornecendo a documentação necessária para o traslado”, explicou.
Uma equipe do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) acompanha o processo de identificação dos corpos. O procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, afirmou em coletiva na noite de quarta-feira que três médicos legistas e um promotor conduzem uma necropsia independente para verificar possíveis abusos e ilegalidades na operação.
“Assim que fomos informados da operação, o MPRJ ativou todos os protocolos. Três peritos legistas e um promotor acompanham todas as necropsias no Instituto Médico-Legal, utilizando um scanner de alta precisão que permite radiografias completas dos corpos, fundamental para entender os confrontos e produzir provas”, declarou o procurador.
A operação realizada na terça-feira foi a mais letal já registrada no Rio de Janeiro. Em entrevista após os confrontos, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou que as únicas vítimas foram quatro policiais mortos durante a ação.
Durante a madrugada e manhã de quarta-feira, moradores do Complexo da Penha levaram cerca de 60 corpos à Praça São Lucas, conforme relatos locais. No início da tarde, todos os corpos já haviam sido levados ao IML. O último balanço do governo estadual informa 121 mortos, enquanto a Defensoria Pública contabiliza 132 vítimas.

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