Mundo
Mais de 500 mil pessoas deixam casas após conflito entre Tailândia e Camboja
Mais de 500 mil pessoas foram deslocadas para áreas seguras devido aos confrontos na fronteira entre a Tailândia e o Camboja, que resultaram em pelo menos 12 mortes, segundo autoridades dos dois países nesta quarta-feira (10).
O porta-voz do Ministério da Defesa tailandês, Surasant Kongsiri, explicou que “Os civis precisaram sair em massa por conta de uma ameaça iminente à sua segurança”, mencionando a retirada de mais de 400 mil pessoas.
O exército cambojano comunicou que mais de 100 mil residentes foram forçados a deixar suas residências em cinco províncias fronteiriças, onde houve o uso de aviões de combate, drones e tanques.
Ambos os países do Sudeste Asiático se acusam de terem reiniciado os combates, que deixaram sete civis cambojanos e cinco soldados tailandeses mortos, conforme os dados oficiais recentes.
O conflito envolve uma antiga disputa territorial sobre uma fronteira de 800 quilômetros, estabelecida durante o período colonial francês. Tailândia e Camboja reivindicam a soberania de diversos templos históricos na região fronteiriça.
No mês de julho, houve cinco dias de batalha que causaram 43 mortes e quase 300 mil deslocados, seguida por uma trégua.
O acordo de cessar-fogo estabelecido no final de outubro, promovido por Trump, foi suspenso pela Tailândia semanas depois, após a explosão de uma mina terrestre que feriu soldados.
Donald Trump anunciou em um comício na terça-feira que ligaria para os líderes dos dois países para tentar resolver o conflito.
“Amanhã tenho que fazer essa ligação e acredito que eles vão compreender”, declarou Trump referindo-se aos governantes do Camboja e da Tailândia.
No entanto, a Tailândia acredita que ainda não é o momento certo para negociações.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores tailandês, Nikorndej Balankura, afirmou que “Se um país terceiro quiser atuar como mediador, a Tailândia não poderá aceitar isso agora, pois um limite foi ultrapassado”.
“É necessário que haja confiança suficiente antes do início das negociações”, acrescentou.
O papa Leão XIV expressou sua solidariedade às vítimas do conflito e pediu que as partes interrompam o fogo imediatamente e retomem o diálogo.
Relatos do Conflito
Na quarta-feira, disparos de artilharia eram ouvidos no quase deserto vilarejo cambojano de Samraong, próximo à fronteira e a vários templos históricos reivindicados pela Tailândia.
Lay Non, que se refugia em um pagode na província de Siem Reap, afirmou à AFP que “os combates estão mais intensos do que em julho, com o uso de aviões para lançar bombas”.
Ele se sente seguro ali, sentado ao lado de uma grande estátua de Buda.
A porta-voz do Ministério da Defesa do Camboja, Maly Socheata, acusa o exército tailandês de disparos indiscriminados contra áreas civis e escolas, inclusive no templo disputado de Ta Krabey, local sagrado para o Camboja.
Do lado tailandês, Niam Poda, lavando roupas em sua casa na província de Sa Kaeo, descreveu a explosão que a fez fugir rapidamente para salvar sua vida, deixando para trás remédios para diabetes e hipertensão.
Em resposta ao conflito, o Camboja decidiu retirar sua participação dos Jogos do Sudeste Asiático, evento esportivo regional que acontece na Tailândia, cuja cerimônia de abertura ocorreu um dia antes.


Você precisa estar logado para postar um comentário Login