Mais de 80 veículos de comunicação exigem indenização milionária da Meta na Espanha

Um tribunal em Madri iniciou nesta quarta-feira (1º) um julgamento onde 83 meios de comunicação espanhóis solicitam à Meta, dona do Facebook e Instagram, uma compensação de 551 milhões de euros (3,43 bilhões de reais) por práticas comerciais desleais na venda de publicidade digital.

Entre os representados estão El País, El Mundo, ABC e La Vanguardia, que contam com o apoio da Asociación de Medios de Información (AMI), a principal associação do setor no país.

Irene Lanzaco, diretora-geral da associação, afirmou aos jornalistas antes da audiência que “este processo não envolve apenas os veículos da AMI, mas afeta a imprensa global”.

Ela ressaltou que “a questão central é a sobrevivência dos meios de comunicação, ameaçada pelo comportamento predatório de uma plataforma como a Meta, que atua sem respeitar nossas leis”.

A AMI acusa a Meta de violar a regulamentação europeia de proteção de dados entre maio de 2018 e julho de 2023, ao utilizar informações dos usuários sem consentimento para criar perfis publicitários personalizados.

Irene Lanzaco explicou que “a Meta realizou uma criação massiva de perfis comportamentais de internautas e, sem informar nem obter o consentimento dos cidadãos, vendeu publicidade segmentada, gerando lucros elevados”.

Por sua vez, a Meta classificou a ação como “infundada” e afirmou que “ignora a evolução da indústria publicitária recente”, destacando que cumpre todas as leis vigentes e oferece aos usuários ferramentas para controlar sua experiência em suas plataformas.

Durante esta quarta-feira, estão previstas audições de testemunhas, enquanto na quinta serão apresentados os laudos periciais e as conclusões finais das partes envolvidas.

Além da AMI, rádios e emissoras de TV espanholas moveram em novembro de 2024 outra ação contra a Meta, também por práticas similares, requerendo 160 milhões de euros (998 milhões de reais) em indenização por danos.

Na França, aproximadamente 200 grupos de mídia, incluindo os principais canais de televisão e jornais, entraram com uma ação parecida contra a Meta em abril.