Marina Silva defende transição energética justa e adaptada às realidades nacionais

Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, enfatizou a necessidade de encerrar o uso de combustíveis fósseis e o desmatamento, levando em conta as particularidades de cada país. Em Adis Abeba, na Etiópia, a ministra participou na sexta-feira (5) do encerramento do Balanço Ético Global, uma iniciativa do Brasil em parceria com as Nações Unidas (ONU) para ampliar o envolvimento da sociedade civil na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), prevista para novembro em Belém.

“É fundamental iniciar um planejamento equitativo para extinguir o desmatamento e o uso dos combustíveis fósseis. Não podemos mais ignorar as causas das mudanças climáticas”, ressaltou a ministra.

Para eliminar a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento, que são fatores principais da emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global e pela crise climática, Marina Silva destaca a importância de levar em consideração as diferenças entre as nações.

“Devemos respeitar as necessidades, desafios e condições particulares de cada país, encarando a questão tanto do ponto de vista da produção quanto do consumo. Essa transição precisa ser justa para pessoas, países, regiões e especialmente para os mais vulneráveis”, completou a ministra.

Marina Silva aponta que o maior desafio da transição energética é apoiar as nações que não têm recursos financeiros para abandonar os combustíveis fósseis por conta própria.

“O desafio primordial é realizar uma transição planejada e justa do uso de combustíveis fósseis para fontes renováveis, auxiliando países que ainda dependem de carvão ou lenha a encontrarem alternativas sustentáveis”, acrescentou.

Enfrentando grandes resistências
Segundo a ministra, os esforços contra as mudanças climáticas enfrentam a resistência de grupos poderosos, que se opõem à transição energética.

“Há pessoas influentes no mundo que resistem a reconhecer a mudança climática. Elas detêm grande poder, tecnologia e recursos financeiros, tornando o combate a essa oposição um desafio significativo”, disse.

Com o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o país anunciou sua saída do Acordo de Paris, um compromisso global que visa limitar a temperatura média do planeta a um aumento máximo de 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais, evitando danos irreversíveis ao meio ambiente.

No seu mandato anterior, Trump já havia adotado essa postura, que foi revertida durante o governo de Joe Biden. Além disso, autorizou exploração ilimitada de petróleo, eliminou subsídios para veículos elétricos e desmantelou políticas de transição energética.

Grandes empresas de tecnologia americanas manifestaram apoio às políticas da administração Trump, com executivos da Meta, Apple, Microsoft e OpenAI expressando gratidão à liderança do ex-presidente e prometendo investimentos no país.

Sobre o financiamento
Marina Silva ressaltou que, após décadas de debates sobre mudanças climáticas, foi somente na COP28, realizada em 2023 nos Emirados Árabes Unidos, que foram definidos compromissos para abandonar os combustíveis fósseis, triplicar a energia renovável e dobrar a eficiência energética.

Na COP30, no Brasil, espera-se estabelecer metas concretas para alcançar esses objetivos, incluindo o desmatamento zero até 2030. “Nem todos dispõem dos recursos necessários para essa transformação, portanto, precisarão de apoio para realizar essa transição”, destacou a ministra.

Na COP29, no Azerbaijão, foi decidido que países desenvolvidos devem fornecer, no mínimo, 300 bilhões de dólares anuais até 2035 para apoiar os países em desenvolvimento na transição energética, com meta de alcançar 1,3 trilhão de dólares anuais até esse ano.

Entre as prioridades da presidência brasileira na COP30 está a criação de mecanismos financeiros que viabilizem esse suporte para a transição energética e mitigação dos impactos das mudanças climáticas.