Mundo
meloni completa três anos liderando a itália com alta popularidade

A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni marca esta semana um marco de três anos no comando do país, com seu partido de direita extrema em alta popularidade, um governo estável e uma economia equilibrada, embora sem grande crescimento.
“Ela é uma pessoa séria”, disse à AFP Giulia Devescovi, médica de 31 anos, durante uma manifestação do partido Irmãos da Itália, realizada em Florença no começo de outubro.
“Talvez seja uma das melhores primeiras-ministras desde Silvio Berlusconi”, afirmou em meio a uma multidão de apoiadores.
Embora longe dos nove anos no poder do falecido Berlusconi, sua coalizão é uma das mais duradouras entre os mais de 70 governos italianos desde o pós-guerra.
Em vez de perder apoio, o mandato de Meloni fortaleceu seu partido pós-fascista, que lidera as pesquisas com mais de 26% dos votos desde as eleições de setembro de 2022.
O Irmãos da Itália ampliou sua influência nas últimas eleições regionais, inclusive na Toscana, tradicional reduto da esquerda.
Em ato público em Florença, a primeira mulher a chefiar o governo italiano destacou o progresso econômico do país, observando que os custos de financiamento estão agora abaixo dos da França.
“Uma nação líder como a Itália não pode ser tratada como reserva”, declarou, referindo-se ao papel reduzido que o país teve durante governos de esquerda anteriores.
Coragem e presença forte
Meloni é presença constante nas principais declarações internacionais, incluindo assinaturas de acordos importantes, como o de Gaza no Egito, em que foi a única líder mulher presente.
Lá, o presidente dos EUA, Donald Trump, chamou-a de “incrível”, “uma política bem-sucedida” e “formosa”.
“Os italianos sentem orgulho de sua representação global e sua comunicação clara”, comentou um diplomata europeu.
Martina Ladina, residente em Garbatella, bairro popular de Roma onde Meloni cresceu, destacou: “Ela tem coragem”.
“Quando fala com outros líderes, domina vários idiomas e sabe se impor”, declarou a mulher de 36 anos à AFP.
Gestão com estabilidade
Seu intenso ativismo diplomático reforçou sua imagem, segundo Lorenzo Pregliasco, fundador do instituto de pesquisas YouTrend.
Além disso, sua administração não cometeu erros graves, e a falta de grandes mudanças internas pode ser uma das razões para seu apoio constante.
A migração irregular foi reduzida, enquanto o governo aumentou vistos para trabalhadores fora da União Europeia para combater o envelhecimento populacional.
Foi realizada redução de impostos, aumento da repressão a protestos e reformas judiciais, mas questões estruturais ainda permanecem, como o poder de compra dos cidadãos e investimentos no sistema público de saúde, que não acompanharam a inflação.
Apesar de a dívida pública ainda alcançar 135% do PIB, a Itália espera manter o déficit dentro dos limites da União Europeia este ano.
Falta de alternativas políticas
A divisão da esquerda entre Partido Democrático e Movimento 5 Estrelas, bem como a ausência de erros de Meloni, ajudam na estabilidade do governo.
“Parte dos italianos pode não amar Giorgia Meloni, mas muitos não veem uma alternativa real”, concluiu Pregliasco.
Maria, moradora de Garbatella, expressou seu desapontamento: “Ela é muito inteligente, mas na prática não fez muito”.
Apesar disso, “não conheço ninguém apto a governar em seu lugar”, admitiu.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login