Centro-Oeste
Menina destacava-se nas quadrilhas juninas antes de morte trágica
Ela se identificou com a arte de dançar. Foi assim que o presidente da quadrilha junina Bamboleá, Cristiano Alves, definiu o começo da trajetória de Allany Fernanda, de 13 anos, que faleceu após ser atingida por um disparo na cabeça na madrugada de segunda-feira (3/11), no Sol Nascente.
Allany apaixonou-se pela dança ao assistir a uma apresentação da Bamboleá durante a Expão do Setor O, em Ceilândia. Naquela época, estudava no Centro de Ensino Fundamental 34 e, ao final do espetáculo em uma festa junina da escola, procurou Cristiano Alves para solicitar uma vaga no grupo. “Ela achou bonito, se enxergou ali e quis participar. Veio sozinha me procurar”, contou o presidente.
Desde então, a jovem mergulhou no universo das quadrilhas juninas — participava dos ensaios, preparava figurinos e brilhou nas apresentações que celebram a cultura popular. “Era uma menina tranquila, pontual, talentosa e muito obediente. Tinha um coração enorme, era carinhosa e sempre se preocupava com os colegas. Agora, infelizmente, teremos que aprender a lidar com a saudade”, disse Cristiano.
Allany integrava o grupo Bamboleá há dois anos. A quadrilha, fundada em 2004, mantém uma rotina rigorosa de ensaios de setembro a maio e se apresenta no circuito junino entre junho e setembro. Entre seus sonhos, estava o de tornar-se médica, e ela via na quadrilha uma verdadeira segunda família.
Detalhes do caso
A jovem faleceu na madrugada de terça-feira (4/11), após ser transferida para a UTI do Hospital de Base. De acordo com as investigações, ela sofreu um disparo dentro da residência de Carlos Eduardo Pessoa Tavares, de 20 anos, que foi preso em flagrante.
Segundo a tia da vítima, Paula Cristine, Allany esteve em um bar com três amigas. O estabelecimento, chamado Olímpia, fica no Sol Nascente, e esta saída fazia parte da rotina das jovens.
Enquanto estavam no bar, dois homens, incluindo o suspeito preso, começaram a conversar com elas, conseguiram se aproximar e passaram a sentar na mesma mesa. Durante o encontro, os dois ofereceram mais bebidas e convidaram as quatro para irem à kitnet.
A defesa do suspeito alega que o disparo foi acidental, mas a Delegacia da Mulher apura a possibilidade de luta corporal. Allany apresentava marcas roxas no pescoço, e o suspeito tinha mordidas no peito e no braço.
“Foi realizada uma perícia por um dentista para verificar se as mordidas são compatíveis com a arcada dentária dela”, informou a delegada Mariana Almeida, da Delegacia da Mulher II.

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