Economia
Mercado de juros fecha ano estável apesar de empregos fortes
A última sessão do ano apresentou baixa liquidez e alta volatilidade na negociação dos juros futuros na B3. Durante grande parte do pregão, os principais indicadores do mercado de trabalho brasileiro mostraram resistência do setor, impulsionando a alta nas taxas curtas e intermediárias.
No entanto, na reta final, a subida perdeu força e as taxas dos vencimentos médios e longos estabilizaram.
De acordo com especialistas, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), reforçam a expectativa de que a Selic será reduzida em março.
Após a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed), a curva apresentou algum alívio, embora os operadores não tenham identificado mudanças significativas no documento. O dia também foi marcado por forte queda do dólar, o que pode ter influenciado a movimentação dos DIs.
Ao final do pregão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 oscilou levemente, ficando em 13,795%. O DI para janeiro de 2029 terminou em 13,18%, e o DI para janeiro de 2031 recuou para 13,445%.
A ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) revelou um grupo dividido, com incertezas sobre os próximos passos da política monetária, mesmo entre os membros que votaram pela redução da meta dos Fed Funds. O documento indicou que alguns participantes poderiam apoiar a manutenção dos juros apesar do corte em dezembro, sugerindo que um alívio adicional pode ser considerado se a inflação desacelerar.
Tiago Hansen, diretor de gestão e economista da Alphawave Capital, afirmou que o documento não trouxe riscos adicionais e pode ter proporcionado algum alívio para a curva local em um dia de poucas operações.
Já Marcos Praça, diretor de análise da Zero Markets Brasil, avaliou que o tom da ata é mais conservador. Segundo ele, mesmo os membros que apoiaram o corte anteriormente, agora tendem à manutenção dos juros, sem sinal de novos cortes iminentes.
Segundo Praça, a reversão dos DIs nas horas finais foi apenas uma correção dos movimentos especulativos do dia anterior, sem novidades relevantes.
No Brasil, o recorde histórico de baixa na taxa de desemprego, em 5,2% no trimestre móvel até novembro, pressionou os juros futuros desde a abertura. O resultado ficou abaixo da mediana das projeções, que era de 5,4%.
Às 14h, o Ministério do Trabalho divulgou o Caged de novembro, mostrando a criação de 85.864 vagas formais, acima da expectativa de 79.120 vagas. As taxas curtas e intermediárias chegaram a subir após a divulgação, mas a pressão não se manteve até o fechamento do mercado.
Praça destacou que os dados evidenciam a resiliência do mercado de trabalho, o que deve deixar o Banco Central mais confortável para cortar os juros em março, embora as expectativas atuais já estejam concentradas para esse período.


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